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terça-feira, 17 de abril de 2007

Quem sabe o que é?

Eu fico com a rudeza do sinal das catedrais.
É a vida, é cândida e é doída.

Viver é não ter vergonha de errar outra vez.
Cantar, desafinar e tombar.
Sem ter na mente o infortúnio do que um dia você fez.
Eu sei que eu não sei.


Que o erro que passou pode amanhã piorar.
Eu só quero que você não reflita.
É a vida, é cândida e é doída.


Mas e o amanhã?
Quando ele vier vai machucar ou não?
Vai ferir a ferro o seu coração?
Vai deixar uma mágoa sem perdão?


Mas e a morte?
Virá de uma vez só deixando lamento?
Ou será a plenitude de um céu barulhento?
Só ver para crer, meu irmão!


Há quem não sinta ferida ardente.
Que espairece um mundo.
Num gesto, num ato.
Que nem dura um segundo.
Há quem sinta e ainda minta.
Mistério profundo.
É o sonho do pensador.
Numa felicidade cheia de dor.
Palavras não dizem o que querem dizer.
Atitudes não revelam o que querem fazer.
O poema reflete o que não querem saber,
Por que viver não é tudo.
E o resto é sofrer.


Eu só vivo o que vejo e o que sou.
E no que sou não ponho a força da fé.
É a vida que faz o que somos.
Como der ou puder ou quiser.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Luxúria Pessoal

Venha e prove da minha luxúria.
Ouça esses gritos que ecoam
Em um vórtice insano de perpiscácia
Dentre tal âmago suntuoso de volúpia.

Atenta-te às métricas que poluem
E distribuem as rimas e suas persuasões
Procurando um meio de achar um sentido
Imerso em múltiplas faces mergulhadas em dissuasões.

Tardio e ignóbil - com um caráter depreciativo
Tênue - concentra-se de forma débil
No paradoxal sentido inexistente
E assim, ostenta tal dúvida: ora ativo, ora passivo.

Ativo, vem e ataca - a lembrança.
Passivo, fica e atinge - a falta.


(T.)

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Odeio como as palavras saem da minha boca, parecem sujas, corruptas.
Sinto vontade de me jogar do precipício da vida toda vez que abro a boca pra dizer alguma coisa, as palavras são como navalha, cortam a sua voz, sua garganta, te cortam por inteiro. E não machucam só a você, machucam também quem está perto de você, quem tenta te amar. É duro sentir o mundo passar a sua volta, e você estagnado ali, cansado, incapaz de mudar, as vezes até se arranja alguma esperança pra continuar, pra seguir em frente, mas, acaba batendo de cara com uma parede grande e firme. Estou preso num labirinto que parece não ter saidas, com essas paredes fortes e firmes procurando uma saída, uma brecha, por menor que for, mas não tem jeito, estou perdido.
E esse labirinto consome as esperanças nesse processo louco de difusão.





NP: Caetano Veloso @ Trem das Cores.