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terça-feira, 19 de maio de 2009

Não faço por que sou medroso.
Se faço é por que sou guloso.
Creia-me néscio, beócio ou só tolo
que 'inda de dia a chama apaga.

Só saio se for de mim todo.
Ou fico por que me quero inteiro.
Apago a chama que queima na mente
e oculto as reminiscências no cinzeiro.

Quando dou sempre há algo em troca.
E quando não há, resta a alma generosa.
Alma vadia, que dá de graça mentiras:
letras-esmolas em verso e em prosa.

Mas se a memória curta se faz esquecer
de que a lembrança vaga nada vale,
valerá a pena novamente aquiescer
a um instinto novo de prazer, que lhe invade.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Oh! Fêmea rainha de todas as outras,
tu que fazes apaixonar até as flores.
Por que me olhas com tão bons olhares
E guardas sob a túnica meu matrimonial
[ósculo do mais sagrado amor?

Que de madeixas - quase sagradas -
podem surgir os mais aprazíveis ares,
já me dizia cupido - ser de melindrosas asas.
Mas que pode brotar de um coração grosseiro
[os mais pusilânimes índices do amor?

Não me julgava capaz de desvencilhar em tinta
os mais belos pesares dessa vida mofina.
Mas me ensinas em gestos e palavras - divinas -
que o tempo não apaga o bucolismo d'outrora.

Agora, minha senhora, por mais que queiras a mim
fazer sofrer a alma que expia o coração perdulário,
não te esquece que mesmo de um peito desafinado
pode soar o mais puro e gentil amor - o sem fim.


Eis a ressurreição