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domingo, 28 de março de 2010

Quem será que fê-la tão bela?
A ponto de todas as outras
não se aparentarem sequer
a um leve toque de suas mãos.

Penso que deus não seja assim
tão justo, sensato e perfeito.
Se, dentre tantas outras mulheres,
fez a ti irremediavelmente linda.

Há quem ache defeito em seu olhar
- tolo! Mal sabe que aí dentro
há as coisas mais belas de se achar
e de se perder afora de ti.

Quisera o meu poema ser comparado
à métrica que existe em tuas linhas:
mãos, cabelos, dedos e unhas
- com certeza, tu és a abelha-rainha.

sábado, 27 de março de 2010

Malditos humanos
- caloteando uns aos outros
com o bendito pão sagrado
que o Divino lhes concede.

Malditos humanos
- falando das suas súplicas à toa.
Mal sabem que não são suas:
são dos outros, são de um.

Não copiam apenas a originalidade alheia.
Copiam-lhe os sentimentos e todas as dores.
Acham que o certo é certo e ainda mais:
que o errado é errado - grande erro.

Tudo é tudo e nada é nada.
Não há de ser certo o que não é errado.
E os erros e pecados alheios
hão de ser julgados em tribuna de santo ofício
[ - dentro da própria mente de quem peca.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Esconda-se de mim, Saudade.
Que, se te pego, viro-te ao avesso.
E não daremos só duas
- verás com teus próprios us e esses.

Saia pela porta dos fundos, Tristeza:
há muito tempo me tenho em abstinência.
E, caso em minha frente tu intercedas,
verás as três da manhã ficarem cansadas
[- ainda menos que o teu orifício anal.

Já se foram as duas:
agora restam apenas as minhas mãos.
Que sirvam para outro ofício
qual não aquele do qual se abstêm os homens sãos.

Sirvam para apressar os ponteiros da pressa
e fazer esse tempo girar menos vagaroso.
Gira, infâme vadio! Gira, toda a roda da vida.
Vai saracoteando todas as minhas mazelas
[- enquanto houver tempo e enquanto houver ânimo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Saudades.jpg - Saudades de mim e dele

sábado, 13 de março de 2010

05 de Agosto de 2009
Quero pensar como os grandes homens
que vivem à frente do seu tempo,
inovam já o que não é mais possível
e fazem do impossível simplesmente inexistente.

Quero agir como agem os construtores do universo
que não se contentam em pensar, amar e viver
mas necessitam fatalmente de mudar o mundo
e reerguê-lo com as próprias mãos.

Quero amar como os grandes amantes
que se apegam a algo como se o fossem:
vivem, dormem, pensam e comem o que amam
- não apenas fingem que vivem da razão.

Mas quero continuar sendo pequeno
por que é sendo assim tão ínfimo
que eu posso me perder na grandeza
desse mundo de palavras.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cantarei à minha terra
o amor que nunca senti
quando subir àquela serra
distante dos amores que hão aqui.

Voltarei ao cunho do abandono
e mendigarei aos deuses absolutistas
a misericórdia de qualquer abono
que de Petrolina me tragam notícias.

Se algum dia voltar às planícies que me desacolheram,
proferirei aos céus e às areias da ilha que me deixem
espairecer os prantos do coração metropolitano
nas águas gélidas que firmaram o rumo do meu ser.

Fugir a esmo! - eis o nome desse novo ato.
Que, feito um palhaço alheio aos risos,
novamente enceno e deixo o picadeiro setanejo.
Adeus, minha ficha dezenove interiorana.
[adeus.