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terça-feira, 27 de abril de 2010

O ser humano perfeito
até hoje é uma quimera:
ainda após especiais efeitos
não perfaz o desejo
de quem não o exonera

da contínua batalha
que é travada em vida
e em morte endiabrada
que no caixão se valha
da formosura dos lírios.

Humilde por essência
e não de carência
- a qual muitos possuem.
Seja carência de riqueza,
de amor ou de gentileza

que a nossa alma seduz
no simples invejar dos olhos
ou no desviar dos olhares
àqueles que se encontram
a sós, perdidos, sem lares.

O ser humano perfeito
é perfeito em tudo que faz.
No menor pentear de cabelos
cada fio alheio se esvai
e a mente é fiel companheira

dos pentes que lhe penteiam
as madeixas cerebrais:
cada pensamento em seu lugar
e nenhum dos neurônios deve
qualquer maldade em si abrigar.

O ser humano perfeito tem
um único defeito, apenas,
que nos versos passados
é omitido com labor e pena:
não é perfeito, pois não existe.

domingo, 18 de abril de 2010

A vertigem das horas cedeu
ao espaço infinito do quintal.
Não sei mais quem sou eu
ou se essa estrada tem final.

Braços cruzados e pés descalços:
sujo de lama até os cabelos.
As horas urgem em espasmos
o triste fim do meu cerebelo.

O tempo implode e o som explode
um estalo seco em minha vida.
Será a vida ou a morte que me acode
após a pancada outr'ora sentida?

Os espaços foram transladados ao infinito
e os termos do início concluíram sua tarefa.
O sol brilha soberano e a terra continua girando
com uma estrela a menos, que jazia há muito
[apagada.