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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sou perverso, sujo e escroto
- bem mais que podes imaginar,
bem pior que o lixo no esgoto
e também mais mal cheiroso.

Pecaminoso, insensato, pervertido
como tudo aquilo que fazes
em tua mente putrefata
e não queres jamais ter exibido.

Sou estas palavras mesmo
e elas são todas reais
como a rima mais fodida que existe
e todas essas outras banais.

Não tema a verdade que ela não há de fazer
doer a tua carne insossa e já moribunda.
Que a dor é privilégio daqueles que estão por dentro
do real significado da vida
[e ele é tão pútrido quanto eu.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quisera ser um dos teus senhores
e com mil açoites afugentar calados
aqueles todos verbos desraigados
que com lamúria formam meus temores.

Quisera ser uma de tuas vestes
para por desvelo te despir inteira
e alimentar desnudo sobre a cabeceira
aqueles pecados que 'inda não fizestes.

Quisera eu ter o dom das preces
para que me ouvisse a deusa da agonia
e deixasse de pairar sobre mim dia a dia
a maldição da vulva que 'inda não me destes.

Quisera eu possuir-te mais que te querer
- em vingança de tantos anos descomovidos,
em menção de meus testículos doloridos -
somente para depois te descomprazer
[e descomer por entre m'as outras vadias.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Os dedos cansados e
a cabeça aflita:
será mais forte quem cala
ou aquele que grita?

As trêmulas mãos
palpitam estes devaneios:
será de eterno sofrer
que padece cá este seio?

Não sentir também dói
e sentir dói mais ainda:
será que vivo mais hoje
ou tal sina se finda?

Se o compasso se vai
e as letras se esvaem num sinal
- que dirá da felicidade extrema
de terminar também neste ponto final.