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domingo, 24 de novembro de 2013

Sou eu me escondendo na calada da noite
da noite calada,
aflita e vadia.

Sou eu evitando os seres humanos
menos as bocetas
-- que são as mais inumanas
[partes.

Sou eu escorrendo pelos ecos
mas não há ecos nem nada
nem silêncio.

São os animais correndo a todo o vapor:
fodendo, matando-se e sendo felizes
enquanto há um céu e olhos para ele.

São os mesmos erros, os mesmos acertos
e a mesma volta para tudo aquilo
que não se há de -- nem se quer -- escrever.

Mas não é nada.
Não são nada
nem sou nada.
Só soo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Depois do dia, a noite.
A noite depois do dia
transforma as cores, o brilho
e a consciência adia.

Mais meia hora
mais meio morta
vai-se assim tornando concreta
a ideia que a mente excreta

nos pulsos, nos pescoços nas veias
nas velhas e cansadas pupilas dilatadas
que não retêm mais o êxtase
-- só a ressaca.

Depois da noite, o dia
até que a verdade nos separe
do disperso e secreto mundo das ideias
e nos leve de vez ao vazio.