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domingo, 11 de maio de 2008

Adeus, amigo prévio

A mão morta que, ufana,
Apedreja a minh'alma
Diz-me eloqüente, sem drama,
"Tua hora 'inda não tarda".

Cresce, burgo, sob poder de deuses,
Esmigalhando todos os sonhos ateus
De um burguês incrédulo desses.
Qual eu, debate-se d'entre filisteus.

Não há mais - não há
Idílio em teu enredo teatral
A não ser aquele surreal
Que se afoga, perdido, ao mar.

Não há mais - não há
Esperança morta bem-vinda,
Mesmo ainda que divina
Dentro de uma burguesa sala-de-estar.

Não há mais cancro ignóbil que não doa
Dentro d'alma de um a toa
Que nem a um deus ateu perdoa.