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sábado, 5 de junho de 2010

Aqui, o vazio é um presente nosso.
Joguemos pedras nos corpos vãos
que odiamos - amaríamos (se)
anfetaminadamente simbólicos,
sambando na praça pública
e transando a tristeza só.

Ainda contando os segundos de me ver nu.
De me ter no segundo confronto -
De fronte, meu mar de suicídios egóicos:
que prazer, doutor!, dê-me a pílula de um além.

Em mim, está o inferno da cor.
Eu amo qualquer safado filho da puta.
Sou filho disto que te devora,
e meus irmãos de deus custam
a me amar.

Eu é que sou filho da puta. Marginal.
Enquanto houver entretantos,
e as terapias ilegais, sorrisos afeminados,
a maquiagem explícita, a vontade
de gozar numa boca com a boca roxa.

Quero é ouvir gemer. Tremer num ouvido
alheio, sem saber qual a nota frota de mim,
comer pernas quaisquer a ferro e aço,
e baseado no que fumo, fumar todo nu
lá ao meio de teu mar de coxas frouxas.

Doravante, contemporâneos, somos um só.
Somos todos ódio. E conjunto de pernas,
paus, mãos, bocetas, pêlos desgastados;
estuprando o amor, com roupas peles de meninos
que nas esquinas vendem a nossa dor.


T.
05 de junho de 2010.