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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não procure o amor aqui. Sentimentos são um vão de almas sem qualquer substância. As palavras, por outro lado, podem salvar todo o corpo em preencherem os vazios espaços que habitam entre as carapaças cinzentas de um cérebro desumano.
Não se sabe o que há de alguém estar fazendo a vagar entre desfluxos bem aventurados de poesia concretista mortal com a mais venérea dose de sexo - esculpida e instaurada entre uma linha e outra. Mas se há algo que não deve estar fazendo é buscando o preenchimento para o que não se pode encher nem com dois litros de esperma.
Não, não busque a dor onde só há a nostálgica melancolia dos tempos mortos. Creiamos nós que ela seja um mero fator psicológico - com um quê de providencial. E a psicologia cá entre esses pecados manuscritos, minha amiga ledora, é puríssima e absoluta. É puerilíssima e a absoluta busca pelo prazer carnal, esse que se mete por entre os teus ventres.
Não. Buscarei não cometer o engano de iniciar todos os parágrafos de tão otimista recato anal - no sentido metafórico da expressão - com a concupiscência de um ou mais NÃO a qualquer estrofe de boa índole. Que, se o cometo, acabo por misturar poesia à prosa e me perder entre as longínquas barreiras que me renegam de ser um são escritor pré-vestíbulo (e você sabe o que eu quero dizer com isso) a um desvairado maníaco em busca de torpe sexo selvagem.
Não. Nem quero mais tornar essas palavras inclassificáveis. Mas apenas indeléveis.
Eis que já é chegado o dia da morte
e esse reverbera em mim as mesmas estrofes
com a mesma rima arrastada e doída
de quem prefere rimar o amor a tudo.

Os dias se foram todos de passagem:
os vinte e oito, contados em pêlos
- só com a esperança da tristeza
que se hegemoniza ao chegar do dia trinta.

Os meses ficaram ao meio do caminho, moribundos:
todos os dez dedos das mãos segurando o vazio.
O vazio de tudo. O vazio do mundo. O vazio da palavra.
O oco dos mais raquíticos ós - assolando o estalido.

Impávido: estalo do ressaltar de uma nova vida.
Um novo viver tão incompreensível quanto foram
todas aquelas mais de cento e oitenta e três mil,
novecentos e sessenta horas - findadas agora
[com luxurioso rastro de pólvora.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Por perfazeres os meus desejos,
dedicar-lhe-ei uma canção à morte antiga.
Aproveitar-me-ei de tal ensejo
atiçando em ti minhas mãos - que a excitam.

Quando saíres do meu relento,
quão glorioso regozijo será teu pranto.
Que mesmo entre uivos e sussurros caninos,
fazer-me-á esquecer da dor com seu sexo de encanto.

Mas quando o culpado vier sondar-me à porta
com seus melindres e ancas descomunais,
desvirgá-lhe-ei as sustenidas róseas da vulva
com o mastro que deus Apolo mo esqueceu de tomar.

Pantera, não sejas para mim tão ingrata.
Por dois acasos esquecestes as mãos
que outr'ora mil gemidos não lhe negava?

Demônio, carrasco vil de minhas noites desventuradas,
por qual porta foi que entrastes
e deixastes acesa a lamparina da licenciosidade
[que há dois segundos jazia apagada?

domingo, 15 de novembro de 2009

Não me julgue,
Não me culpe.
Eu já nasci condenado.

Não me busque,
Não me perca.
Eu já estou do outro lado.

Não me ceda,
Não me negue.
Não quero mais seu afago.

Não me diga,
Não me cale.
Meus ouvidos estão cerrados.

Não me chegue,
Não me deixe.
Eu já estou suficientemente afastado.

sábado, 14 de novembro de 2009

Às três horas da manhã - a ouvir um jazz etíope, eu acendo meu cachimbo. Não quero um pouco de tempo, não quero um pouco de ninguém. Nenhuma voz irritante, nenhuma companhia à venda só nas quintas ou nas sextas. Nenhum amigo de hora marcada, nenhum psiquiatra de carreira feita. Nenhuma mulher sem cruéis seios, nem seios com uma boca hostil, ou mesmo carinhosa. A estas horas vê-se o que há de ser amor à noite, amor sem tempo. O detrito que mancha os céus e desce pela janela. Eu não tenho lembrança das horas vagas, nem resquícios dos beijos que já dei. Não me recordo de quando fui a Marte. Não sei que satélite me persegue aos dias. Apenas sei que as sextas me matam, os sábados me engolem; e os domingos nem parecem existir.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira 13 não é dia de azar, nem dia de sorte. É dia de morte. Dia de olhar pro asfalto e sentir o sol mais quente, sair na rua para ser invisível aos olhos de deus, fazer pilhéria da cara dos ateus e ficar em casa coçando o saco até a hora de lembrar das unhas mal feitas do gato preto que se aproximará dos seus testículos n'uma sexta-feira 13 e amaldiçoará o resto do seu dia.
O azar não pode ser observado como sorte? Ou como má sorte? Mas não como falta de sorte. E, se há sorte para tudo, também não há azar para nada - relevem as incoerências do nosso português formal, caro ledor. Ainda mais: se não existe o azar, para que irá existir a sorte? É tudo ilusão: não há fundo de quintal que não seja terreiro, não há evangélico que não não o tenha sido uma outr'ora em sua vida, não há fundo de poço que seja mais perigoso que a mais luxuosa cobertura do vigésimo quinto andar de um edifício.
No entanto - e me contradigo mais uma vez -, existe sexta-feira 13. Como existem todas as outras sextas-feiras. Até quando não há feira, há as sextas, as sestas as cestas e os cestos, incestos. Mas quando há freiras, minhas caríssimas amigas órbitas oculares, há o azar, a sorte e a morte.
E com um pouquinho mais de sorte que os outros dois, há sexo também.
Idéias, malditas idéias.
Corrompem umas às outras.
Se pensar não preciso fosse,
Quão precisa seria a vida.

Mais precisa e mais valiosa,
Virtuosa, deveras.
Os animais, que instintos seguem,
Não traem - nem seu pior instinto.

Mas o humano, erro da natureza,
Tem de conviver com sua mente
Que não sabe se vai pra traz ou pra frente.
Ainda assim - mente, mente, mente.

Quem dera eu ser uma formiga
E assim, de repente,
Ser esmagado por pé humano.
Melhor que ser um algoz carrasco.


23 de Agosto de 2008
23:09h

domingo, 8 de novembro de 2009

Extratos de uma obra inacabada.



(...)
III

Confesso mais que o devaneio está sob ordem da efervescência da modernidade. E assim em conflito com a abertura da liberdade constrangida – e agora vingativa; ou no marasmo do coito com todas as tardes deitadas no chá da adaptação veraz.

É tão gigante o Universo que é minúsculo. É cabível da razão qualquer que se decida até em valor da idéia volúvel. É pai e mãe dos planetas da ignorância; é acolhedor – e é a bruxa das maçãs envenenadas, e o desprezível homem da esquina, à espreita da criança solitária, vinda do colégio às cinco horas. Tão gigante e amado por sê-lo: os números já foram assimilados.

(...)
V

Do banheiro pude ouvir ainda mais alguns gritos; rapaz audaz! Um óbice à minha ciência talvez, mas já lhe tinha absorvido o método outrora. Agora é só inconstância do dia, um pouco de impaciência – aí sobra só a reticência vaga que lhe acaba por furtar o fio do método, mas audaz! E teimava novamente, mergulhado no mar do objetivo.

“A paz – disse lá no altar da impassibilidade soberana – é o grão singular!” “Roubara-a em desacato, toxicômano-plúmbeo!, infestando a vida de meu primo.” Ah, lapso! Mal tolhia a mão a seu primo. Não me era muito. Pouco antes, tornara-se apenas um vulto de algumas horas em alguns dias. Fumante que era, andava comigo por aí a fumar um tanto. Conheci-o já assim, pelo menos guerreava a nicotina, ao passo que eu a afluía em lentidão, só pelo aprazer do ato longo.

Verdade que certa vez pus-lhe uma idéia de deliciar-se num saque letal à mente, numa viagem sem âncora – mas só por conceito do veneno e da concepção de nova variedade em seu estado. Também há que a escolha é prova de acordo, então nada me é necessário dizer.

(...)
VIII

Eu fui à procura do passo venenoso, pus me à beira do contexto; inseri-me por impulso só meu, e de minha vontade. O resto fluiu por essa cooperação com o imaginário orbicular, atento às emanações do prazer e da experimentação altiva – o vínculo ritual do sabor único do espaço-tempo-ato de já.

Provei sozinho. Tornei-me envolto à margem obscura da consciência e da conseqüência. Dei o salto pela cidade, enlouquecido e só. Sem afeto que se caiba a ser outro qualquer, nem aberto ao atrevimento da calúnia morna, nem ao ato fúnebre da raça que policia em armas a si mesma.

(...)
X

Peguei o uniforme do teu colo, morena. Fui vê-lo; tocá-lo de perto, e se fosse-o em olor de maracujá selvagem, ou o recuo de tua pele suada, teria-me atraído e conquistado. Por fim, fora só refúgio da vontade e da criatividade cáustica – porque de teu corpo, aliado só o declínio primaveril. Ainda pomposa, ainda em mão ao desfile corpóreo, e a três ou quatro passos do mergulho à frustração psicológica: a grande autonomia do ser.
        
Fatos sobrepõem outros fatos – a partícula da adaptação temporal é posta a golpe! As faces são faces – e sobrepostas também: cansam a contagem dos dedos do senso e dos dedos da dívida comum entre irmãos. O dilúvio das relações é alçado às velas da metamorfose; a tensão pelo espírito feminino, pela vibração dos corpos, a dança dos tóxicos... – satirizo a minha quebra de sentido; passeio pelas folhas da árvore perdida, ladeada à entrada do circo. Eu andei até lá.

XI

Eu sonho com alguns  gnomos. São como representações vivas, de um roxo escuro – e um pouco de verde negro. A música. A sensação do piano na casa do inverno etéreo e onírico. O perigo da sensibilidade, enamorada dos gnomos do jardim – naquele passo da garota que some pelos arbustos, da beleza de uns cachos inocentes, ainda mais jovens que a incerteza do sexo-homem. Eu vejo os gnomos capturando-a. Levando-a pelos corredores em pedras envelhecidas, mordidas. Com os braços presos, pernas amarradas; à marcha da concentração diabólica dos seres do jardim obscuro.
        
Vibra-me a mente o som dos machados rústicos. Lapso grosso que espanca a terra, que deforma o privilégio do solo secreto escondido da afetação extra-natural. Numa fila de lentíssima ordem; há em vista o desespero do absoluto – os seres decaídos arrastando o círculo infinito de uma mola artesanal. A fila dos caldeirões de fogo vibrantes, lancinantes. O aspecto do aroma esquecido da luz alva, os dedos em sujeira explícita do trabalho das madrugadas subterrâneas: é o vulto escondido ali, sem reflexo pela lua, sem apego ao ar da superfície, em mistério do erotismo perverso.

Não há semente de bondade, ou maldade. Sem o perdão – e a educação áspera e rigorosa. O que há é temível como assim em face, pela delícia do caso francês, e do tribalismo cabal, excitante e desconhecido: o toque carnívoro que consome a carne, as paredes rígidas que privam a expressão do grito – o canibalismo em afronta à voz alta, sem interrupção, transcorrendo em estímulo de dor.

(...)
XIII

Vez em quando engana-nos o passar da noite: sentamos ao esquecimento da luz, às obrigações que perdem a validade no joguete da aurora noctâmbula. E descemos pelo poço da comunhão das sensações, víboras do salto feminino – que lhes engana e encanta a todos, ao ladear-me a face, com esse cigarro que trinca em meus dentes e lhes esconde o fluxo da mente sem tempo.

E assim – sem vulto algum que me prejudique o lírio, navego às encostas em incentivo que acorde meu pulso pelo sangue: desmanchando-me daí em teu corpo, estendido por decúbito. Molhando-me os lábios num vermelho-volúpia, consternação. A vileza do agrado em bom-horário.

Converso-me, tiro a dianteira do fato exposto à carne crua – é tanto mais que há por expor! E muito mais da carne crua que não filtra a lógica rápida e fogo. Converso-me, pois, em voz alta, que escuta-se mesmo pelo senso avulso de se procurar ouvir. Mas lá que me é mais fundo quando ouço a mim, e à altura da lógica em debate. Que dirás? Ainda é mais do tempo retirante – quando estou solto da marra frígida do socorro medicinal, e vou sozinho a segurar minha própria mão. Eu me confesso, pálido da culpa morna: não há resgate da realidade que se desmanche à idéia do sangue devasso.

XIV

O que são estas línguas todas que vibram em minha boca? São fruto, e são desespero. E ainda: só o desespero é são! Calmo, controlado e esquizofrênico sem-parada, sem tempo de ação: aproveitando-se do congestionamento de ações e ações. Eis-me! Eis a imensidão do vazio. Uma mão é um olho fatigado, a outra mão segura um pedaço magro de madeira, dá um piparote qualquer, e lança ao espaço – sem esforço algum.

(...)



Aos meses finais de 2008.


Vinhos, mistérios, e o passeio da esfinge à noite.


Gabriela, e as delícias de ser baiana.
Escrever é tão delicado. Meu coração esfalece em pedaços, e as vontades vão, e não voltam - e desfaleço em minutos. Tão breve o tempo desmonta, não me vale mais escrever assim. Recordo de Rimbaud quase sempre, e de seus dezenove. Ainda mais quando tudo assemelha-se a fim, fim e prazer. São traços desabitados, enquanto desmaio em lembrança de um pequeno beijo. De um amigo, ou enamoradas. Desmancho-me tão fácil e brevemente, eu espalho minha saliva até os pés próximos a mim. Enquanto vem esta vontade de te rasgar o vestido, e destruir a marginalidade de qualquer intuição. Destruir esta falsa modéstia moderna. Esta desgraça de passar seis meses sem escrever. Alguns poucos até ali, e o sangue será deveras visível. Explosão, inundação, overdose. Sexo e nenhum amor, e nenhuma abstinência e todos apaixonados. As confusões dos novos tempos. Solidão e amor, e amargura, e todos os gozos são um só.

sábado, 7 de novembro de 2009

Duas punhetas por noite

A vida andava uma merda. Eu nem sabia mais quem eu era, ou se eu era. Já era a terceira viagem no período de um ano e, o que eu estava procurando, não achava. Não me encontrava, não importa o que fizesse.
Na rodoviária era a mesma coisa de sempre: muita gente pra pouca pessoa. Todo aquele balburdio me deixara um tanto atônito, ou seria a cafeína no meu sangue? Passava por entre aqueles corpos inanes, que não paravam de se mover. Entrava nas lojas e saía com tudo o que havia entrado comigo, afinal, os trinta mangos no meu bolso tinham endereço certo - eu apenas não sabia qual era.
Discuti com um senhor que chamara os baianos de incompetentes:
- Eu sou baiano, e sei como é – dizia o velho.
E, logo, a frase que explicava a minha expressão de desprezo.
- Eu sou médico, e sei como é.
Estava tudo terminado: aquelas poucas palavras puseram um fim instantâneo em nosso efêmero relacionamento. Resolvi acabar com aquele inferno e embarcar de uma vez no meu ônibus, fugindo daqueles seres horrendos – a salvo umas poucas bundas e peitos que anuviavam meu sacro espírito. Minha ilusão terminou quando encontrei mais gente no meu carro – público – das dez.
Logo entrei e sentei-me na última poltrona, como de costume. Estar atrás de todos era, para mim, uma situação mais sexualmente aceitável. O motorista dava início à minha partilha – arrefecia a minha culpa por estar fugindo novamente – e, apesar disso, eu ainda esperava que uma loura de seios fartos e firmes entrasse, atravessasse o longo corredor com seu olhar aterrado no meu e sentasse ao meu lado, até então vago. Isso não aconteceu, enfim.
À primeira parada foi só café. Desci antes que o motorista o fizesse e me dirigi à primeira bancada que encontrei.
- Vocês vendem garotas de bordo aqui? – eu não perguntei isso.
Lá se iam alguns dos meus trocados. Só voltei ao ônibus depois de duas doses, seguindo o motorista que, se eu tivesse uma aparência mais amena, teria sido cortês ao me convidar ao reembarque. Não o foi, e eu subi assim mesmo. Sentei no meu vago lugar duplo e aguardei até a próxima parada, ansioso por mais uma xícara.
A estrada parecia cada vez mais longa e monótona. Meu corpo era sacudido de um lado a outro e meus olhos se concentravam na mesma cor amarela da faixa que dividia a estrada em dois mundos simétricos e distintos. Não sabia qual era o meu lado e até onde aquele mundo me levaria. Foi então que o veículo seguiu para mais uma parada e eu comecei a ter uma idéia do que me aguardava.
Desci só depois de o motorista afastar-se uns poucos metros: não queria que ele notasse minha presença – eu poderia parecer-lhe um péssimo passageiro. Não adiantou. O bendito me flagrou estuprando, a goles abruptos, um copo de café.
- Você bebe muito café. Zorra!
Não era uma indagação, ainda assim atrelei:
- É. – surpreendi-me com a sua capacidade psicanalítica.
- Não atrapalha dormir?
- Dormir é perda de tempo – tentei, com essa expressão fútil e ignóbil, transformar aquele diálogo em um monólogo do qual eu sairia vitorioso. Falhei mais uma vez.
- Mas todo mundo precisa dormir. Você sabia que uma noite de sono não se recupera...
Deixei-o sair imponente da minha humilde tragédia grega e aguardei até que ele terminasse aqueles balbucios monossilábicos de quem não tem o que fazer e, por isso, fala. Quando sua boca apresentou-se imóvel, seus ouvidos pareciam ansiar por uma réplica. Como tal não foi obtida, seus pés – que funcionavam melhor que sua língua – dirigiram-se de volta à primeira poltrona do coletivo, como se todos os seus órgãos e membros tivessem uma programação robótica e moto-contínua.
No voltar ao meu assento, entretanto, visualizei algo que a mim parecia inconcebível. Não era uma loura pneumática, verdade. Era uma morena tanto franzina, de olhar quase perdido no enorme mundo que NÃO era aquele carro de quarenta e poucos lugares. Nem tinha abundância de mamas, mas duas pêras aparentemente sensíveis aos olhares mais devassos, como o meu. O resto, não consegui visualizar – ainda – mas desejava, veementemente, apalpá-la assim que apresentasse o menor indício de adormecimento.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hahahahaha. Um smile de sorriso sem graça e ela não imagina que eu acabei de bater uma imaginando comê-la no sofá de casa. E foi algo maravilhoso. Ainda que sem muita intimidade ou mesmo amizade, tudo foi compensado pela parte instintiva e física. A física é mesmo uma belíssima matéria.
E que idéia é essa de ideia não levar mais acento? É a desmoralização de um ideal. Ainda mais uma palavra tão bacana como essa. Estou de luto oficial declarado por quanto tempo ainda insistir em ter com língua-pátria um idioma que não recebe o valor que merece. A bem da verdade, o nosso idioma é o tupi-guarani, mas esse é que não ganha nem uma vírgula de qualquer acordo ortográfico que seja. O melhor acordo fica sendo, mais uma vez, discordar de tudo isso e continuar escrevendo errado a tudo e a todos - é óbvio que a galera da internet e a turma do ENEM não vai encontrar problema algum nisso.
Eu também sou da turma do ENEM. Ah, caralho. Da turma da internet também. Então vou continuar escrevendo idéia, tranqüilo e falando clítoris. Além disso, não escreverei mais em prova vestibulares sobre hímen - esse termo não sei se sofreu alguma alteração. Na verdade, nem fui atrás do tal acordo ainda. Mas para meus familiares e amigos que me consideram um cara estudioso e inteligente, tenho uma explicação: minha professora de português é simplesmente broxante.


O meu torpe dizer [22 de Março de 2009]
Postagem original

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hahahahahaha.
O título dessa imagem é "MerDeca1".
Não se apavore, é apenas uma aglutinação.
Qualquer semelhança com outros substantivos/adjetivos é mera coincidência.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Eu gosto quando teus olhos tocam
a luz que vem de deus. Do teu olhar,
lacrimoso, rimando o caminho do céu.
De teu vestido, quase nu, quando o vestes.

Eu posso sentir todo o calor de tuas mãos
até quando elas vivificam corpos alheios.
E sentir o roçar de macio seio quando tocam,
mãos de outro homem, algo que tanto anseio.

Mas serão somente minhas, as tuas meninas.
E sob essas d'ouradas madeixas hei de ter eu
meu doce acalento. Como um pastor que volta
ao rebanho saudoso, em fim de um dia frutífero.

E ao recebê-lo, a esposa, com os mais suculentos
mamilos de belo animal. Que vive, reproduz
e morre sem igual - não há outro mais belo
que use saias e saiba portar-se dama.

Oh! Qual dama de minhas quiméricas liras.
O teu busto em minha mente é fogo vivo
que arde em todo e em tudo que é em mim.
Faz arder também a centelha do amor que há
[em ti.



Aos olhos teus II

domingo, 1 de novembro de 2009

De!




A vida corriqueira é que me abomina
e os vales que andam estas praças
gritando mares de saudades,
até me animam, ai que loucura,

com a lacuna aberta e sangrando no peito,
até que me animam, aberta e sangrando
de um triste moço, muito triste mancebo,
derruba tantos postes na esquina

e grita: que merda de amor!
que loucura de ritmo!
e caído morrendo: ai, que essa dor!

Que essa dor nos jornais da matina
me consome em completa maldade!

eu que, todavia, dou vário ganho
e perco nas entranhas da vida,
não me canso das velas
e ainda choro, é, não tenho mesmo
porquê querer tanto.
Não é inspiração,
minhas póstumas saudades.
É, em verdade, mais alucinação
que desejo de reviver o passado.

Não é de completo falsidade,
essa indiferença que vive cá.
É simples ineficácia em palavra,
tomada em referência ao humano.

Impossível é continuar.
Possível é fazer esse impossível.
Devo prosseguir ou cessar?
Já, de fato, deveria tê-lo feito
[d'antes.

- de a loucura atormentar o juízo
- de o sêmen fecundar-lhe o óvulo
- de o amor não querer-me vivo
- de a doçura se transformar em ódio.



Aos olhos teus
- se imprescinde um título.

sábado, 31 de outubro de 2009

Entrada.



eis que surge um grupo de pogonóforos,
experimentalistas por lei, eis que urge
na pátria da poética literatos turvos

que se humedece todo o chão de triste
e esporádica agonia, nas táteis de vênus
eis que surgem ninfetas e salamandras

renasçendo na liga dos frutos perdidos
e a bebida que os grita é o mantra do dia,
logo, eis que surgem os loucos
e desvairados

da noite pro dia, ante ainda de tragar
a primeira taça, na tasca mais fria,
sem eletricidade, todavia,
na casa mais erótica da virada

no câncer irrecuperável do amor de amante,
na segurança maléfica de um restrito sempiterno,
mas, sim, eis que surgem planos noviços
cheirando a terra de literatura e vinho.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Meus dejavus, incessantes:
amigos de todo ódio e tédio.
Queriam-me mais triste
que já é in natura o meu ego.

Letícia, meu novo vocábulo,
nada mais é que um encanto:
não é adjetivo, não é verbo
- é só o gozo de novo canto.

Minha voz surta ao chamá-la,
todos meus queridos afetos.
As cordas roucas, desalmadas,
maculam-lhe a rubra face
- em puro sinal orgástico.

Não gastaria, no entanto,
meu sêmem a fecundar-lhe
as mais críticas carícias
quais abriga sua tímida vulva.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Alguns são felizes com as árvores que plantam.
Outros são apenas sorrisos, medos e desejos.
A verdade é que a dor não mata, mas vive.
E outra verdade é que eu não sei nada.
[mas essa última é desnecessária.

A sorte não é algo que vem pra todos.
Parece-me só ser dos sortudos.
Não sou redundante, não confunda.
Sou apenas mais um amante moribundo.

Não deveria sair, em letras, toda verdade.
Ou a necessidade de um homem que sente.
Mas os dedos roubam ao coração a mácula.
E as palavras desviam o medo que o olhar
[insiste em acidular.

Vivo, então, pelo medo que sinto.
E morro pela dor que sinto.
E amo pela dor da que tenho medo.
E tenho medo do sentir que amo.

Resumem essas palavras, portanto,
toda a simplicidade expressa em alma.
A simplicidade à qual todo esse texto expia:
vivo por que a poesia existe.
[e, por existir, deixo me ser patético.
Pra quê o amor,
se amar é o que vale?
Ocultemo-nos à margem da tristeza
e imploremos ao amante a piedade.

Quando o furor da carícia rompe
o tênue limiar do desejo,
a vida, a morte, o mundo se escondem
por detrás dos panos de fiel ensejo.

Eis que é chegada
- da vida - a hora mais tardia.
Desaparecem todos os prazeres:
do amor à tristeza, do sexo à alegria.

Ao pó não retornamos
quando a doce mão que nos afagava
agora segura a dura alça do caixão
pelo qual um dia todos velamos.

sábado, 10 de outubro de 2009

Meu caro e velho amigo,
As égides do armagedom
pairaram sobre nossas cabeças
fio a fio dos compridos cabelos.

Mas os pés, como em pegadas,
entrelaçaram-se em assaz rastros
e não permitimo-nos a transcedência
a esse algo que se chama banalidade.

Seu ósculo esquecido é o qual lembrado
entre tantos outros ósculos perdidos
que agora tangem a minha tez.
Tempos longíquos de normalidade.

No âmago de tamanha pureza,
a putrefação de carnes alheias.
No serpenteio de minha tristeza,
um coração bate distante.

Se Vênus arrastou-me a si
e concedeu-me a maldição
de tão profunda mágoa,
agora clamo-lhe, irmão
[que aqui termino em ão
[a mácula de mal-sucedida anáfora.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vanessa entrou e pairou
seu olhar de jovem ninfa
no meu mais pueril
suspiro de ardil amor.

Não viam, meus olhos infantis,
o ardor de todo aquele corpo
que contradizia meu pesar piegas
com curvas cheias de gosto.

Brincávamos de ser o que éramos:
eu, poeta, vivendo à sua autoria -
dos gestos e carícias que me cedia;
ela virgem, ela vadia, ela santa
[aos treze.

Vanessa saiu seca e insossa,
só como quem sai de um livro fechado
e a poesia que restou em mim cá está
em um texto frívolo, suado e desalmado.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Esqueci-me do início das coisas
e lembrei do seu término
antes mesmo que acabassem,
Pois os princípios não justificam
[as finalidades.

Atrevi-me a interceder por mim
sem esperar pelo julgamento final.
Pus-me a expiar todos os pecados,
quais tenho cometido desde que aqui
[cheguei.

Olhei-te as mais belas mágoas
e sanei de ti os amores passados.
Em troca deste-me uma lágrima
de cada um desses lindos olhos
[verdes-sacrílego.

Não anseio consternar em ti
o inflamado coração que foge
a todas essas letras infames:
é o que há de melhor em teu
[seio

para aqueles que não tangem
as róseas aréolas da santíssima
e se banham bem-afortunados
em todos teus líquidos sagrados.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sou mesmo um cantador
das coisas do passado.
Escondo no peito um amor
quase infantil, descompassado.

Não faço mais que me pede
minha boemia poética.
E uso todo esse lirismo
para viver mais um instante.

As pedras não amam
e são infinitas.
Serei, entretanto, logo findo
com todo o sentimento que há.

A dor não será deles o último:
restará um punhado de desespero.
Sinto que me virá à última hora
atrelado ao choro, ao riso, ao menosprezo
[de todas as formas de vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Voaremos pelas nuvens,
flutuaremos tranquilamente
pelas águas mais límpidas
do mais doce riacho.

As crianças serão todas felizes,
brincando com seus felinos.
As mulheres não precisarão
mais de sexo.

Mas faremos assim mesmo,
por puro prazer.
Os homens não usarão cuecas,
muito menos precisarão de vasodilatadores.

E, ainda assim, dilatar-se-ão os vasos.
Por que a cada olhar surgirá um novo amor.
E as paixões crescerão descomedidamente
tais quais os versos desse feliz poema.

Cada ser vivo possuirá uma raça
e todos serão da mesma família.
Os filhos: tão queridos e desejados,
constituindo cada qual uma nova linhagem.

As pêras cairão dos sete céus
- cada um de uma cor diferente - que lindo.
Às vezes choverão maças dos véus vermelhos,
bastando apenas realizar-se uma prece.

Os deuses seremos nós mesmos
e obedeceremos todos às nossas leis.
O desejo será uno e crescente
crescentE, cresCENTE, CRESCENTE.

As noites virão descompassadas e lindas.
Tão linda será a lua a surgir
quando se bem entender.
Cada noite de uma cor diferente e mais bonita.

Apenas os seres mais loucos usarão roupas,
por serem partícipes de uma sociedade dessas...
de hippies, revolucionários, comunistas, marxistas.
Ah! Que linda essa tal de loucura.

A insanidade que faz com que esses corpos
tão macios e cheirosos, cubram-se.
A insensatez dessa gente que quer ser
assim diferente, assim de roupa.

Um dia me vestirei com esses macios tecidos
que nascem da terra como se fossem grama.
Mas só quando a loucura se apossar de mim
e estiver cansado de sentir o vento me acariciar
[pelas costas
[pelos cabelos
[pelo corpo inteiro.

domingo, 13 de setembro de 2009

A um eremitério
vou meu caminho trilhar.
Distante do sol, dos ventos
e de tudo que na terra há.

Adeus, Maria dolores,
adeus os meus tantos amores.
Sob os meus versos de angústias
deixo as lembranças e esperanças.

Até não ver mais, meus delírios.
Que os deuses habitantes do infinito
não se esqueçam do que se fez dia.
Que passado está presente no futuro
[da gente.

Virei agora em novo caminho
de passados presentes sem espinhos
e de um coração que não mais habita.
Agora inspira um novo ar.
[adeus terra
[adeus céu
[adeus mar

sábado, 12 de setembro de 2009

Oro de dia e à noite eu rezo.
Restam-me apenas poucas esperanças:
meu pastor fugiu depois que fecharam
o último brega.

Mas as portas ainda estão abertas.
Das janelas fechadas perpassam raios
de sol, de lua, de vento na bíblia.
Aos ratos caem todos os mortos.

Os joelhos veneram à cama molhada
de fluidos vaginais, etílicos e resquícios
de todos endométrios passados.
Foram rezados à toa, quiçá.

Mas não se esqueça de por o véu de volta.
Quando mirar a porta aberta direta
para a rua, finja que não está nua.
Para os outros, finja-se santa.
[após ter sido, para mim, satã.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O amor parada cardíaca
que todo mundo traz à veia
pode causar encefalia
de que a própria morte serpenteia.

Tenho pra mim por breve instante
de paixão que ocorreu inusitada.
A morte, coitada, jazia tranquila
quando, então, a vida a deixou sem fala.

Não é sentimento humano
sobre o qual está se falando:
a vida culmina em morte,
que vem do nada - como a vida.

Trouxe na mão um buquê
e dentro de si uma tocha
que não escondia o propósito
para o qual vivia, desgostosa.

Cansara-se de ter cansado em todo o tempo.
Não que aquilo a trouxesse sofrimento,
mas conhecia, então, um sentimento diferente
daqueles que a corações solitários causava.

Era a mais nova vítima de todos os deuses
- os quais também caiam sob seu próprio encanto.
Mas não via em face de mais bela Vênus,
a formosura que a vida oferecia - até em pranto.

Fácil explicar, ateu incrédulo, a impossibilidade:
A vicissitude da vida da morte
não era agora de outra sorte.

Penava, a moribunda, e gemia por um amor lesbiano
que em vão sofria as pelejas sentimentais
que fardam as costas dos temíveis humanos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Deixe-me cantar-lhe bonitos versos,
inerte mente que as leis da física despreza.
Como podem de figura quão indecente
figurar tão belos pensamentos em minha mente?

Cubra as partes como se não as quisesse
tê-las, por mim, todas desvendadas de tanta farsa.
Vê em mente os pútridos desejos que me assolam
e descobre com alvas mãos esse que te canta.

Macula-me ao rubor de tuas unhas
o pálido sangue que me faz erigir.
Não esquecendo que a circulação fadigada
seria completamente inútil sem ti.

Nua como vários outonos de uma única primavera.
Completamente despida das mãos dos outros,
das mentes alheias, da maldade que te carcome.
Minha, pelas suas duas primeiras noites de ferro
- e sangue.
Brotam farpas em minha mente,
alheias a qualquer vão de pensamento.
Mesmo de quem se ressente, por sentí-las,
não escapam as alvéolas mágoas da língua.

Uso o verbo no estado da trivialidade
como se a palavra fosse falsa como são
todas as impiedosas saias que resguardam
em si a maldade de um deus invisível.

A visibilidade, tal qual tudo, passa feito raio.
E, em um segundo de abertos os olhos,
passa-se tudo de realidade à ficção:
ávida, em Marte chegou à Terra, a vida.

Em três segundos destruiu tudo em que acreditava.
Resquícios de gentileza e amor-próprio destruídos.
A pá da doce fidelidade, que cavava o fértil terreno do amor,
agora dilacerava o cânio de infeliz indigente, sedenta de sangue.

Os versos marcianóides chegaram à Terra:
não sou humano, não sou terráqueo
- nem poeta.

Vê-se pelo tragar inútil de sonetos descompassados.
É que o coração em terra terráquea de Terra bate fraco.
Batem mais fortes as palmas que aplaudem o meu penar.

À força da dor cedera se ainda estivesse vivo - inútil dizer:
já se faz necessário figurar qualquer outra realidade.
Qual não a dos cabelos desgrenhados e da barba suja.

Vou à esfera de Marte buscar a vida que aqui não encontro.
Mas me acho o de sempre sem-terra, em Marte:
o desespero, eu sou, e não me encontro.

Já engulo as virgens vírgulas que me aparentavam belas.
Traço-as gemido a gemido e descubro sinais gráficos mais [virulentos.

Não eram tesouros, deuses meus.
Eram mágoas do futuro que passou.

Não era para mim, o sopro de vida que me fez fecundar.
Era, sim, para outro marcianóide.

Para outro que engolia as vírgulas sem notar outros sinais.

Para outro que vivia em Terra, vermelho como se vive em Marte.

Para outro que surgia das trevas. E ia à Luz.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Foi a resposta que me fugiu à mente,
contrariando o mais pródigo desejo.
Mesmo hoje me arrependo arduamente
de não ter aproveitado o ensejo.

Arrependo-me como homem que não sou:
nessas horas sou só aquele menino
em que causas o susto repentino
de ter à boca o alvo leite materno.

Foi-se o poeta embriagado
desse dourado que são suas madeixas.
Restou agora o cético sóbrio
amargurado, chato, de tantas queixas.

As vezes da vida voltaram-se ao criador
e pediram-me que esquecesse de ti
todo o teu resplendor
- ah, qual penar, o meu!

Voltar os olhos contra tal beleza
não seria nunca minha última fraqueza,
se só olhar teus delicados braços
já me faz aumentar as medidas.

A crítica dos tolos não corrói
o mais criterioso elogio apaixonado.
E só a insensata indiferença da amada destrói
a força misteriosa do amor requisitado.

Não me queixo aos tolos,
nem tampouco aos humildes de amor próprio.
Queixo-me apenas ao destino, minha querida.
Ao destino que nos fez amantes distantes.


Só ao destino.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um pouco de vida também é bom
Saia e pegue a contra-mão,
só dessa vez.
Que a vez agora é sua.

Um pouco de gozo também vale a pena
Mesmo que à pena da mão,
não vale é ficar enternecido
esperando que ela dê de primeira.

Mas um punhado de dor
também não se joga fora.
É bom aprender a pedir esmola
que a gente ganha um milhão.

A gente ganha um milhão.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Palavras loucas, loucas palavras
vendidas, sentidas ou dadas,
sempre trazem nas costas o peso
do flagelo que lhes desrespeitou a calma.

Sentidas, sentidos, instintos feridos,
muambas, bagamas, quinquilharias,
despachos, bagaços, miúdos distintos,
pirraças, desgraças, belezas esparsas.

O canto do nobre, o choro do pobre.
O filho da mãe e a mãe de uma outra.
O belo exaltado e o feio maquiado.
O perfeito estético ou o surreal.

Que quase nada digam,
que quase nada façam,
que quase nada pensem,
que quase nada expurguem.

Mas fazem fazer algo,
pensam pensar algo,
duelam duelar algo,
matam matar algo.

Discordo das loucuras quais puras, alheias.
Concordo com as loucuras mais putas.
Que a palavra, se louca, já diz,
a palavra, louca, diz ainda mais.

Não há loucura - estou insano!
E a escondo, por detrás do pano.
Não sou plebeu, playboy, nem poeta
da poesia que transcende a realidade.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Soledad me deixou no ponto de embarque.
Disse que me embarcaria com saudades
e levou afora todas as carícias que tinha:
- Se for doer, que passe logo.

Minhas cartas, minhas castas, minhas velas,
Soledad levou embora nos braços dela
todos os melindres, inquilinos de meu peito
e me deixou sozinho, paranóico, desse jeito.

Que seios, que bunda, ela tinha e eram meus,
que mesmo sabendo do meu posto de plebeu,
Soledad não me negava o mais blasfemo afeto
e deitava-se sob meu peito, seu gesto predileto.

Morrer de prazer, seria, no céu aquele gozo
se seus cabelos longos prendiam-me o pescoço
e os suspiros mais profanos suspirava, desvairada.
Soledad, que mulher, trocou-me por um cabo de enxada.

Ao virginal trepidar, minhas púpilas em seu rosto
já diziam o que queriam: aquela santa em carne e osso.
Seu sorriso me despia em pele e pêlo - alucinado
o coração ardente batia em sinal de apaixonado apelo.

Virgem de mil heresias. Eu - maldito profeta -
para o inferno, um caminho longo trilhava
que sinto a brasa viva ainda em terra
do maldito amor que Soledad me amava.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ah, solidão, que me quisera só contigo:
Em teu peito sou mais homem.
Em peito de mim, homem, farás teu abrigo.

Que de corpo de um menino, singelo e fraco
Tornas o mais vil nobre homem
- que a dor de ter só a ti consome.

Não lhe peço mais que a companhia, amiga.
Não lhe oferto somente o corpo e mente.
Entrego-lhe de peito aberto todo o sujeito.

Desse eu que não sou mais sem ti,
penso que também não és sem mim.
Viveremos felizes, porém, ao expirar.

O prazo que consome a cada dia, menina,
o corpo frágil, a mente incrédula, a peste viva.
Vives em mim, d'alma e corpo.

Renego-lhe todas as injúrias humanas
e as perfídias das mentes sensatas que iludem
o mais valioso senso de amor ao próximo.

Queixo-me, entretanto, das horas em que desapareces.
E que pareces me deixar solteiro, homem vão
e vão mais mil horas a desatinar em meu tempo.

Minutos passados, corridos de dedo em dedo.
E até sem dedos tanges o âmago do meu ser
Serei eu minha própria infâmia, amada minha?

Dispensa as explicações aos sãos mortais
que a morte não tarda em chegar-lhes, minha cara.
Então seremos apenas nós dois - solitários.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Não faço por que sou medroso.
Se faço é por que sou guloso.
Creia-me néscio, beócio ou só tolo
que 'inda de dia a chama apaga.

Só saio se for de mim todo.
Ou fico por que me quero inteiro.
Apago a chama que queima na mente
e oculto as reminiscências no cinzeiro.

Quando dou sempre há algo em troca.
E quando não há, resta a alma generosa.
Alma vadia, que dá de graça mentiras:
letras-esmolas em verso e em prosa.

Mas se a memória curta se faz esquecer
de que a lembrança vaga nada vale,
valerá a pena novamente aquiescer
a um instinto novo de prazer, que lhe invade.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Oh! Fêmea rainha de todas as outras,
tu que fazes apaixonar até as flores.
Por que me olhas com tão bons olhares
E guardas sob a túnica meu matrimonial
[ósculo do mais sagrado amor?

Que de madeixas - quase sagradas -
podem surgir os mais aprazíveis ares,
já me dizia cupido - ser de melindrosas asas.
Mas que pode brotar de um coração grosseiro
[os mais pusilânimes índices do amor?

Não me julgava capaz de desvencilhar em tinta
os mais belos pesares dessa vida mofina.
Mas me ensinas em gestos e palavras - divinas -
que o tempo não apaga o bucolismo d'outrora.

Agora, minha senhora, por mais que queiras a mim
fazer sofrer a alma que expia o coração perdulário,
não te esquece que mesmo de um peito desafinado
pode soar o mais puro e gentil amor - o sem fim.


Eis a ressurreição

terça-feira, 28 de abril de 2009

Afogue suas máguas hoje em mim, meu bem
Que essas águas que só suas mágoas têm
Tanto me fazem bem que não sei quem sou
Sem esse gozo dentro de ti, feito um ator.

A Bahia me ensinou o amor ao próximo
E o Pernambuco que a Bahia é o melhor negócio
Quando se quer morar em si, em ti ou em mim.

Sorria esse lindo riso aqui pertinho.
Feito um passarinho, faça de mim o seu ninho.
Mas não me cague as idéias, meu bem
Que hoje à noite eu verei as estrelas com você, ou sem.

A Bahia me ensinou quem é melhor
E o Pernambuco que na Bahia eu sempre me acho só
Quando só quero morar em si, em ti ou em mim.

Salive um pouco mais sobre meu corpo pagão
E assim eu poderei te comer à vontade de pão com manteiga,
Sem deixar você cair do lado errado.
Se cair, passo a faca do outro lado.

A Bahia me ensinou em quantas noites se faz um controle remoto
E o Pernambuco que às noites só se serve álcool e ódio
Quando só queria morar em si, em ti ou em mim.

Quando você acordar, lembre-se que foi tudo um engano:
Melhor seria ter executado outro plano
Que se dar e doar a um paralítico moral
E não faça de sua vida algo tão infernal
[quanto a linda noite que experimentamos.

domingo, 26 de abril de 2009

Meio de noite
Todo mundo chapado
Todo mundo sequelado
Todo o mundo pelado.

A pátria mãe percebeu
Qua a puta que a pariu
Foi a puta mãe da natureza,
Mãe de todas as putas.

E nem por isso se sentiu ofendida
A bela mãe de todas as outras
Que nos cercavam, cheias de gargalhadas
E do mel genital mais aprazível que há.

De um modo ou de outro
Não perceberam ou
Talvez o tenham
Que éramos os maiores sugadores
[de vulvas femininas.

sábado, 25 de abril de 2009

A cabeça roda.
Roda o mundo todo,
implorando pelo vaso
mais próximo
[ainda que não o sanitário

À certa altura da noite,
bebendo bile à milanesa
e uma puta sórdida na cabeça.
Oh! Vitalidade. Oh! Modéstia.

As pessoas ficam em casa por que tem medo.
As pessoas vão à rua por que tem medo.
O medo é tão liberto assim por que não me conhece.

Filha da puta de um soneto que não sente medo
Da moléstia das mentes humanas,
parece um ritual da seita satânica.



Amém
Atire-se, meu bem
Antes que eu enlouqueça.
Caia de cara no chão
Antes que o chão desapareça.

Tropece, minha singela puta
Em um pedaço de pedra qualquer
E mostre a todos que passam
Uma fatia de corpo de mulher.

Apareça pelada, cantando ao luar
Essas canções que me canta toda noite
Quando, divinamente, estamos a trepar.

Não finja esconder a dor que sente
Quando o meu membro rijo, quase demente
Faz-se perpassar dentre teu ventre, até tua mente.


Misericórdia é verbo passado

domingo, 19 de abril de 2009

Não digo que a morte seja de todo pura, amigo.
Nem que a sabedoria da beleza está em si, só.
Mas que a maldade está mais na mente da santa
Que no corpo na meretriz, que não é santa mas não mente.

Não creio que a vida seja isso, apenas, o que você diz
Ou que seja algo quimérico de um outro mundo, outros céus.
Sei que para quê sei outro céu mais lindo que esse
Acima de nossas mentes vãs?

Sei que o que escrevo é o vão de um outro vão.
Mas não é em vão que morre em quinze segundos,
No entanto fica soando e soando na mente de um moribundo
As rimas esnobes de uma falsa música, que não é, mas canta.

E canto o mundo assim dessa maneira, do meu canto imundo.
Mas mesmo imundo que seja, meu mundo é um canto verdadeiro:
Canto os céus e as terras que hão aqui, canto as concubinas,
Canto os pobres e canto os ricos, que são de toda sorte, n'um só canto.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ai, amor de criança, amor pueril
Que me queira mal ou me queira bem.
Eu não sei de tua rosa infantil
Quantas pétalas vermelhas ela tem.

Ah! Amor de ódio e de vingança:
Não sei se fere ou se goza
Em nossas caras a repugnância
Do mel fel de ninfa formosa.

Uh, amor em debalde sexual.
Não machuca nem maltrata.
Apenas acaricia a terna flâmula
Que é o prazer de toda alma.

Oh, um amor para cada dor,
que se não se mata, se morre:
Seja o mal o bem que for
- falece da cura a própria sorte.

sábado, 21 de março de 2009

Me desculpe o que eu vou falá
É que lá longe mora uma sinhá
Que em meu peito faz seu habitá
E, às vezes, o coitado se despedaçá.

Mas devo dizer, meu coroné
Que esse ser não é só mulhé,
De peito e bunda já fiz de pé
E agora faço só como ela qué.

Bem sabe que há alguém aquí
Que só de pensar nela fica felí,
Da caridade que dela quí
Fazer meu peito palpitar assí.

Eu sou macho, macho, chó
Mas quando penso que me acho só
Do seio dela sinto falta, e sinto maió
Desejo de me amparar a si, sem dó.

O que eu sinto ainda tá crú
Mas por ela serei sempre nú,
Que se ela gostar de carurú,
Morrerei bem feliz, faustú.



O pernambucano vocálico

sexta-feira, 20 de março de 2009

Eu escrevo como uma flecha
que alveja o teu coração.
Não sou cupido, nem sou deus.
Mas não sou o diabo também
[não.

Eu entro dentro de você
por qualquer orifício que seja.
Mas é só pra te fazer aprender
O que é que o prazer enseja.

Não é ódio, nem amor
- é sexo no elevador.
Que sobe e desce
[desce e sobe
[e sobe e desce
[e geme

Sou a palavra infértil
Que quer dizer mais
que todos os livros.
[subo e desço
[rápido e devagar
[estremeço

quarta-feira, 18 de março de 2009

Eu não queria contradizer
- a mim ou a ti -
mas a verdade é só uma
e é o que eu hei de dizer.

Não é o certo, mas está.
É mais por estética que ética,
qual você não entende
mas sempre será.

Não é seios, mas seio.
Quem quisera ter dois dele
certamente já se arrependeu
pelo crime que ainda não cometeu.

Eu, que só com o meu
- com tantos versos feios -,
já perdi dele o freio
que o seio da moça roeu.

Não é céu, mas não é inferno.
Não sou feliz, mas não sou mudo.
Não sou triste, talvez seja só receio.

terça-feira, 17 de março de 2009

Meio-dia e meio
e meio pêlo no rosto.
Barba.

Meio vazio, meio cheio
e um pensamento na cabeça.
Pentelho.

Meio café-da-manhã.
Meio café na mente.
É um esquente.

Meio que virá comida,
que virá meio virgem.
Delícia.

Todo não é nada
Sem um ou o outro meio
Mas o meio não!

O meio é completo
e é inteiro.
O meio não precisa de todo.

Nem de toldo o meio precisa,
não arrisca, não petisca.
O meio mexe.

Mexe com a mente do meio tolo
e mexe com a mente do meio sábio
Mexendo com a saia da menina.

O meio mede ao meio o nada
Por que nem o nada é todo sem ele.
O meio se acha.

E se perde n'um piscar de olhos.
Que o meio é arisco,
o meio é errado.

Mas também é meio certo
que da metade que se tira a outra
ainda faltam duas metades.

E se do meio for tirando metades,
formar-se-ão novos meios de se fazer
daquele meio um novo meio.

Nem que seja por outro meio,
nem que seja calcinha ou cueca,
nem que seja enxuta ou molhada.

Nem que o meio seja meio-termo
do termo que está no meio
entre esses dois meios.

Que também são dois extremos.
E como sou meio extremo,
deixarei isso ao meio.

A outra metade você rasga e divide
em dois meios.
Que esse meio você guarda.
O espelho mente
O que os outros não sentem.
Que é mais um ser em mim.
Que há mais de mim aqui.

Os olhos vêem
O que a cabeça tresvaria.
Não há algo de nada real
Que seja de alguma valia.

Valha-se apenas a beleza da incerteza
O caos de um amanhã que não virá
E a morte certa de uma vida que há por vir.

Valha-se apenas a estética que há aqui
Veja o podre que eu sou assim
Que eu sou o que de pior há em mim.


Veritate

domingo, 15 de março de 2009

Ei, você, parado aqui.
Por quê?
Ei, você, apressado assim.
Por quê?

Ei, você, sequela sem fim.
Por quê?
Ei, você, não fica aí.
Por quê?

É o seu cérebro infanticida
O culpado por ser homicida
De um potencial suicida
Cansado da vida bandida.

Ei, você, já passou.
Por quê?
Ei, você, se estressou.
Por quê?

Ei, você, não amou.
Por quê?
Ei, você, nem gozou.
Por quê?

É sua precocidade orgástica
Que faz da vida um porre
E essa minha risada sarcástica
Não sabe se você dá ou morre.


A repressão instintiva

quinta-feira, 5 de março de 2009

Deixa eu falar as minhas merdas
Só comigo mesmo
Que o fedor da merda fede
Quando reflete no espelho.

Melhor assim, só álcool em mim
Que dias atrás de morrer
A vida vai ser a mesma merda de sempre.
A mesma merda de sempre humana.

Os humanos são uma raça deprimente.
Eu gosto dos cães,
Olho para os cães jogados às ruas
E eles me olham com pena.

Os coitados, coitados.
Coitados do coitado que sou eu.
Os cachorros são animais bondosos.
Eles sentem pena de mim, quando não medo.

Meus versos estão trôpegos.
Porque falei de humanos, que são merda.
Porque falei de cães e não de gatos.
Os gatos completam o sentido dos cães.

Não haveria sentido para a vida dos cães
Se não existissem gatos.
Ainda não existe sentido para essa merda
Que é ser humano.
[eu deveria ter escrito uma prosa.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Eu não vi quem não me quis ver

Eu sou em voz alta e clara, e eu grito.


A quem quis foder: Fodeu!
E ao nadador: há muita chuva por vir!

Eu ando, e se tenho casa,
que me faça por andar ao meio da rua,
em meio a sua cabeça.

Eu sou e ando e tenho todas as vogais
e consoantes do mundo das seis!

Das sete, das oito...

E todas as dúvidas que lhe caibam.

A quem se despede:
até mais!

Até, que aqui estou eu.

Aos meus dez minutos de antes,
disse-lhe todos os meus minutos
que antes é seu.

A esses de agora, eu ainda tremo,
e se não respiro, é porque respiro mais.

Meus pontos de despedida, são pontos
de adeus, dando fé à merda!

À merda!

E, a quem me dirá:
[leia aqui
"há rebeldia demais!",

rebeldia há mais.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O enredo desse samba à noite sou eu
E a pestana dessa nota açoite é no meu
Dedo que dói sem sentir corda alguma
De sonoridade que soe bem ao sentir.

O bobo da corte hoje não é o rei
Tocando o pandeiro passado do amei,
Misturando a realeza do sentir à plebe do fazer.
Que se sente mais fazendo, que se faz sentindo.

E todas as fantasias de hoje são as minhas,
Sem querer desfazer do carnaval as entrelinhas
Que separam o desejo do prazer
Na maldita terra onde pra dar tem de doer.

A angústia mais banal de sempre
Hoje folgou eternamente
Pra não dizer que só planta a semente
Aquele que sabe como sanar as dores da vida
[hoje - não sou eu.


Estou me guardando pra quando o carnaval chegar

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Há uma hora na noite em que o coração - sóbrio
Sente falta do vinho, da vodka e de qualquer álcool.
Saudoso de Marcúrio, Marte e Vênus
Ofegante, cheio de Terra.

O sentimento - escancarado - busca uma saída.
Saída qualquer, que não encontra.
Não há saída para o que se sente.
E as mulheres de Marte hão de aguardar.

A veia cresce, sem sentido algum.
Não parece haver circulação ou batimento sequer.
Mas o pulso ainda pulsa dentro da mente que pensa
Sempre na garota de Mercúrio.

A excitação aumenta, só de tocar o ar.
Moléculas descomprimidas do mais trivial oxigênio
Chocam-se às células nervosas do ativo púbico
E as virgens de vênus continuam intactas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

As águas de março afundaram meu riacho
E a quarta-feira de cinzas chegou mais cedo para mim
Quarta-feira triste, sem dó e sem cinzas
Quarta feira triste, feia e sem frutas.

As alegorias passaram distante dos meus sons
E seus sons fugiram absortos de meus pés
Pés ingratos, insensatos pés.
Não agem sobre o mal que fazem à minha tez.

O gingado da morena se esvaiu por seus quadris
Saracoteou suas melenas distante do meu nariz
Que agora só cheira o meu ego flatoso
Excêntrico, magoado, receoso.

Agua'rdente dissipa em meu sangue uma canção natalina
Ai, que época boa. Ôh, que música linda.
Era pra ser de batuque e frevo
Agora é amargor e desespero.


Tô agua'rdando pra quando o carnaval chegar

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Há palavras no pão
E palavras no leite.
Há palavras no chão
E palavras no leito.

Também há palavras no chapéu do padeiro,
Há palavras no ar de pão fresco,
Na filha do padeiro - em seu traseiro
E também dentro do cesto.

Há palavras caindo pela escada
E letras me assustando atrás da janela.
Há uns versos perdidos na vaca malhada
E outros no leite bebido pela banguela.

Há uns termos de merda
E merdas que são termos.
Só não há expressão que não feda,
Como uma palavra que cheira.

A cerca de palavras

sábado, 31 de janeiro de 2009

As doze horas batiam à sua porta.
Eram doze horas melancólicas,
Tristes e sadias.
Eram as doze horas do dia.

A verdade se escondia à espreita.
E a mentira sussurava ao seu ouvido,
Além do cachorro que latia.
Ladrava, o cachorro, e saía.

Eram três, as suas irmãs
E o véu da virgindade descomunal
Dentre os seus ventres se escondia.
Berravam, choravam e gemiam.

À porta da meia-noite gritou, escondido.
Não era gato, nem rato - nem bandido.
Era um gatilho solto que se esvaía.
Não vivia, não gozava, nem morria.



O Humor Fleumático