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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não procure o amor aqui. Sentimentos são um vão de almas sem qualquer substância. As palavras, por outro lado, podem salvar todo o corpo em preencherem os vazios espaços que habitam entre as carapaças cinzentas de um cérebro desumano.
Não se sabe o que há de alguém estar fazendo a vagar entre desfluxos bem aventurados de poesia concretista mortal com a mais venérea dose de sexo - esculpida e instaurada entre uma linha e outra. Mas se há algo que não deve estar fazendo é buscando o preenchimento para o que não se pode encher nem com dois litros de esperma.
Não, não busque a dor onde só há a nostálgica melancolia dos tempos mortos. Creiamos nós que ela seja um mero fator psicológico - com um quê de providencial. E a psicologia cá entre esses pecados manuscritos, minha amiga ledora, é puríssima e absoluta. É puerilíssima e a absoluta busca pelo prazer carnal, esse que se mete por entre os teus ventres.
Não. Buscarei não cometer o engano de iniciar todos os parágrafos de tão otimista recato anal - no sentido metafórico da expressão - com a concupiscência de um ou mais NÃO a qualquer estrofe de boa índole. Que, se o cometo, acabo por misturar poesia à prosa e me perder entre as longínquas barreiras que me renegam de ser um são escritor pré-vestíbulo (e você sabe o que eu quero dizer com isso) a um desvairado maníaco em busca de torpe sexo selvagem.
Não. Nem quero mais tornar essas palavras inclassificáveis. Mas apenas indeléveis.
Eis que já é chegado o dia da morte
e esse reverbera em mim as mesmas estrofes
com a mesma rima arrastada e doída
de quem prefere rimar o amor a tudo.

Os dias se foram todos de passagem:
os vinte e oito, contados em pêlos
- só com a esperança da tristeza
que se hegemoniza ao chegar do dia trinta.

Os meses ficaram ao meio do caminho, moribundos:
todos os dez dedos das mãos segurando o vazio.
O vazio de tudo. O vazio do mundo. O vazio da palavra.
O oco dos mais raquíticos ós - assolando o estalido.

Impávido: estalo do ressaltar de uma nova vida.
Um novo viver tão incompreensível quanto foram
todas aquelas mais de cento e oitenta e três mil,
novecentos e sessenta horas - findadas agora
[com luxurioso rastro de pólvora.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Por perfazeres os meus desejos,
dedicar-lhe-ei uma canção à morte antiga.
Aproveitar-me-ei de tal ensejo
atiçando em ti minhas mãos - que a excitam.

Quando saíres do meu relento,
quão glorioso regozijo será teu pranto.
Que mesmo entre uivos e sussurros caninos,
fazer-me-á esquecer da dor com seu sexo de encanto.

Mas quando o culpado vier sondar-me à porta
com seus melindres e ancas descomunais,
desvirgá-lhe-ei as sustenidas róseas da vulva
com o mastro que deus Apolo mo esqueceu de tomar.

Pantera, não sejas para mim tão ingrata.
Por dois acasos esquecestes as mãos
que outr'ora mil gemidos não lhe negava?

Demônio, carrasco vil de minhas noites desventuradas,
por qual porta foi que entrastes
e deixastes acesa a lamparina da licenciosidade
[que há dois segundos jazia apagada?

domingo, 15 de novembro de 2009

Não me julgue,
Não me culpe.
Eu já nasci condenado.

Não me busque,
Não me perca.
Eu já estou do outro lado.

Não me ceda,
Não me negue.
Não quero mais seu afago.

Não me diga,
Não me cale.
Meus ouvidos estão cerrados.

Não me chegue,
Não me deixe.
Eu já estou suficientemente afastado.

sábado, 14 de novembro de 2009

Às três horas da manhã - a ouvir um jazz etíope, eu acendo meu cachimbo. Não quero um pouco de tempo, não quero um pouco de ninguém. Nenhuma voz irritante, nenhuma companhia à venda só nas quintas ou nas sextas. Nenhum amigo de hora marcada, nenhum psiquiatra de carreira feita. Nenhuma mulher sem cruéis seios, nem seios com uma boca hostil, ou mesmo carinhosa. A estas horas vê-se o que há de ser amor à noite, amor sem tempo. O detrito que mancha os céus e desce pela janela. Eu não tenho lembrança das horas vagas, nem resquícios dos beijos que já dei. Não me recordo de quando fui a Marte. Não sei que satélite me persegue aos dias. Apenas sei que as sextas me matam, os sábados me engolem; e os domingos nem parecem existir.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira 13 não é dia de azar, nem dia de sorte. É dia de morte. Dia de olhar pro asfalto e sentir o sol mais quente, sair na rua para ser invisível aos olhos de deus, fazer pilhéria da cara dos ateus e ficar em casa coçando o saco até a hora de lembrar das unhas mal feitas do gato preto que se aproximará dos seus testículos n'uma sexta-feira 13 e amaldiçoará o resto do seu dia.
O azar não pode ser observado como sorte? Ou como má sorte? Mas não como falta de sorte. E, se há sorte para tudo, também não há azar para nada - relevem as incoerências do nosso português formal, caro ledor. Ainda mais: se não existe o azar, para que irá existir a sorte? É tudo ilusão: não há fundo de quintal que não seja terreiro, não há evangélico que não não o tenha sido uma outr'ora em sua vida, não há fundo de poço que seja mais perigoso que a mais luxuosa cobertura do vigésimo quinto andar de um edifício.
No entanto - e me contradigo mais uma vez -, existe sexta-feira 13. Como existem todas as outras sextas-feiras. Até quando não há feira, há as sextas, as sestas as cestas e os cestos, incestos. Mas quando há freiras, minhas caríssimas amigas órbitas oculares, há o azar, a sorte e a morte.
E com um pouquinho mais de sorte que os outros dois, há sexo também.
Idéias, malditas idéias.
Corrompem umas às outras.
Se pensar não preciso fosse,
Quão precisa seria a vida.

Mais precisa e mais valiosa,
Virtuosa, deveras.
Os animais, que instintos seguem,
Não traem - nem seu pior instinto.

Mas o humano, erro da natureza,
Tem de conviver com sua mente
Que não sabe se vai pra traz ou pra frente.
Ainda assim - mente, mente, mente.

Quem dera eu ser uma formiga
E assim, de repente,
Ser esmagado por pé humano.
Melhor que ser um algoz carrasco.


23 de Agosto de 2008
23:09h

domingo, 8 de novembro de 2009

Extratos de uma obra inacabada.



(...)
III

Confesso mais que o devaneio está sob ordem da efervescência da modernidade. E assim em conflito com a abertura da liberdade constrangida – e agora vingativa; ou no marasmo do coito com todas as tardes deitadas no chá da adaptação veraz.

É tão gigante o Universo que é minúsculo. É cabível da razão qualquer que se decida até em valor da idéia volúvel. É pai e mãe dos planetas da ignorância; é acolhedor – e é a bruxa das maçãs envenenadas, e o desprezível homem da esquina, à espreita da criança solitária, vinda do colégio às cinco horas. Tão gigante e amado por sê-lo: os números já foram assimilados.

(...)
V

Do banheiro pude ouvir ainda mais alguns gritos; rapaz audaz! Um óbice à minha ciência talvez, mas já lhe tinha absorvido o método outrora. Agora é só inconstância do dia, um pouco de impaciência – aí sobra só a reticência vaga que lhe acaba por furtar o fio do método, mas audaz! E teimava novamente, mergulhado no mar do objetivo.

“A paz – disse lá no altar da impassibilidade soberana – é o grão singular!” “Roubara-a em desacato, toxicômano-plúmbeo!, infestando a vida de meu primo.” Ah, lapso! Mal tolhia a mão a seu primo. Não me era muito. Pouco antes, tornara-se apenas um vulto de algumas horas em alguns dias. Fumante que era, andava comigo por aí a fumar um tanto. Conheci-o já assim, pelo menos guerreava a nicotina, ao passo que eu a afluía em lentidão, só pelo aprazer do ato longo.

Verdade que certa vez pus-lhe uma idéia de deliciar-se num saque letal à mente, numa viagem sem âncora – mas só por conceito do veneno e da concepção de nova variedade em seu estado. Também há que a escolha é prova de acordo, então nada me é necessário dizer.

(...)
VIII

Eu fui à procura do passo venenoso, pus me à beira do contexto; inseri-me por impulso só meu, e de minha vontade. O resto fluiu por essa cooperação com o imaginário orbicular, atento às emanações do prazer e da experimentação altiva – o vínculo ritual do sabor único do espaço-tempo-ato de já.

Provei sozinho. Tornei-me envolto à margem obscura da consciência e da conseqüência. Dei o salto pela cidade, enlouquecido e só. Sem afeto que se caiba a ser outro qualquer, nem aberto ao atrevimento da calúnia morna, nem ao ato fúnebre da raça que policia em armas a si mesma.

(...)
X

Peguei o uniforme do teu colo, morena. Fui vê-lo; tocá-lo de perto, e se fosse-o em olor de maracujá selvagem, ou o recuo de tua pele suada, teria-me atraído e conquistado. Por fim, fora só refúgio da vontade e da criatividade cáustica – porque de teu corpo, aliado só o declínio primaveril. Ainda pomposa, ainda em mão ao desfile corpóreo, e a três ou quatro passos do mergulho à frustração psicológica: a grande autonomia do ser.
        
Fatos sobrepõem outros fatos – a partícula da adaptação temporal é posta a golpe! As faces são faces – e sobrepostas também: cansam a contagem dos dedos do senso e dos dedos da dívida comum entre irmãos. O dilúvio das relações é alçado às velas da metamorfose; a tensão pelo espírito feminino, pela vibração dos corpos, a dança dos tóxicos... – satirizo a minha quebra de sentido; passeio pelas folhas da árvore perdida, ladeada à entrada do circo. Eu andei até lá.

XI

Eu sonho com alguns  gnomos. São como representações vivas, de um roxo escuro – e um pouco de verde negro. A música. A sensação do piano na casa do inverno etéreo e onírico. O perigo da sensibilidade, enamorada dos gnomos do jardim – naquele passo da garota que some pelos arbustos, da beleza de uns cachos inocentes, ainda mais jovens que a incerteza do sexo-homem. Eu vejo os gnomos capturando-a. Levando-a pelos corredores em pedras envelhecidas, mordidas. Com os braços presos, pernas amarradas; à marcha da concentração diabólica dos seres do jardim obscuro.
        
Vibra-me a mente o som dos machados rústicos. Lapso grosso que espanca a terra, que deforma o privilégio do solo secreto escondido da afetação extra-natural. Numa fila de lentíssima ordem; há em vista o desespero do absoluto – os seres decaídos arrastando o círculo infinito de uma mola artesanal. A fila dos caldeirões de fogo vibrantes, lancinantes. O aspecto do aroma esquecido da luz alva, os dedos em sujeira explícita do trabalho das madrugadas subterrâneas: é o vulto escondido ali, sem reflexo pela lua, sem apego ao ar da superfície, em mistério do erotismo perverso.

Não há semente de bondade, ou maldade. Sem o perdão – e a educação áspera e rigorosa. O que há é temível como assim em face, pela delícia do caso francês, e do tribalismo cabal, excitante e desconhecido: o toque carnívoro que consome a carne, as paredes rígidas que privam a expressão do grito – o canibalismo em afronta à voz alta, sem interrupção, transcorrendo em estímulo de dor.

(...)
XIII

Vez em quando engana-nos o passar da noite: sentamos ao esquecimento da luz, às obrigações que perdem a validade no joguete da aurora noctâmbula. E descemos pelo poço da comunhão das sensações, víboras do salto feminino – que lhes engana e encanta a todos, ao ladear-me a face, com esse cigarro que trinca em meus dentes e lhes esconde o fluxo da mente sem tempo.

E assim – sem vulto algum que me prejudique o lírio, navego às encostas em incentivo que acorde meu pulso pelo sangue: desmanchando-me daí em teu corpo, estendido por decúbito. Molhando-me os lábios num vermelho-volúpia, consternação. A vileza do agrado em bom-horário.

Converso-me, tiro a dianteira do fato exposto à carne crua – é tanto mais que há por expor! E muito mais da carne crua que não filtra a lógica rápida e fogo. Converso-me, pois, em voz alta, que escuta-se mesmo pelo senso avulso de se procurar ouvir. Mas lá que me é mais fundo quando ouço a mim, e à altura da lógica em debate. Que dirás? Ainda é mais do tempo retirante – quando estou solto da marra frígida do socorro medicinal, e vou sozinho a segurar minha própria mão. Eu me confesso, pálido da culpa morna: não há resgate da realidade que se desmanche à idéia do sangue devasso.

XIV

O que são estas línguas todas que vibram em minha boca? São fruto, e são desespero. E ainda: só o desespero é são! Calmo, controlado e esquizofrênico sem-parada, sem tempo de ação: aproveitando-se do congestionamento de ações e ações. Eis-me! Eis a imensidão do vazio. Uma mão é um olho fatigado, a outra mão segura um pedaço magro de madeira, dá um piparote qualquer, e lança ao espaço – sem esforço algum.

(...)



Aos meses finais de 2008.


Vinhos, mistérios, e o passeio da esfinge à noite.


Gabriela, e as delícias de ser baiana.
Escrever é tão delicado. Meu coração esfalece em pedaços, e as vontades vão, e não voltam - e desfaleço em minutos. Tão breve o tempo desmonta, não me vale mais escrever assim. Recordo de Rimbaud quase sempre, e de seus dezenove. Ainda mais quando tudo assemelha-se a fim, fim e prazer. São traços desabitados, enquanto desmaio em lembrança de um pequeno beijo. De um amigo, ou enamoradas. Desmancho-me tão fácil e brevemente, eu espalho minha saliva até os pés próximos a mim. Enquanto vem esta vontade de te rasgar o vestido, e destruir a marginalidade de qualquer intuição. Destruir esta falsa modéstia moderna. Esta desgraça de passar seis meses sem escrever. Alguns poucos até ali, e o sangue será deveras visível. Explosão, inundação, overdose. Sexo e nenhum amor, e nenhuma abstinência e todos apaixonados. As confusões dos novos tempos. Solidão e amor, e amargura, e todos os gozos são um só.

sábado, 7 de novembro de 2009

Duas punhetas por noite

A vida andava uma merda. Eu nem sabia mais quem eu era, ou se eu era. Já era a terceira viagem no período de um ano e, o que eu estava procurando, não achava. Não me encontrava, não importa o que fizesse.
Na rodoviária era a mesma coisa de sempre: muita gente pra pouca pessoa. Todo aquele balburdio me deixara um tanto atônito, ou seria a cafeína no meu sangue? Passava por entre aqueles corpos inanes, que não paravam de se mover. Entrava nas lojas e saía com tudo o que havia entrado comigo, afinal, os trinta mangos no meu bolso tinham endereço certo - eu apenas não sabia qual era.
Discuti com um senhor que chamara os baianos de incompetentes:
- Eu sou baiano, e sei como é – dizia o velho.
E, logo, a frase que explicava a minha expressão de desprezo.
- Eu sou médico, e sei como é.
Estava tudo terminado: aquelas poucas palavras puseram um fim instantâneo em nosso efêmero relacionamento. Resolvi acabar com aquele inferno e embarcar de uma vez no meu ônibus, fugindo daqueles seres horrendos – a salvo umas poucas bundas e peitos que anuviavam meu sacro espírito. Minha ilusão terminou quando encontrei mais gente no meu carro – público – das dez.
Logo entrei e sentei-me na última poltrona, como de costume. Estar atrás de todos era, para mim, uma situação mais sexualmente aceitável. O motorista dava início à minha partilha – arrefecia a minha culpa por estar fugindo novamente – e, apesar disso, eu ainda esperava que uma loura de seios fartos e firmes entrasse, atravessasse o longo corredor com seu olhar aterrado no meu e sentasse ao meu lado, até então vago. Isso não aconteceu, enfim.
À primeira parada foi só café. Desci antes que o motorista o fizesse e me dirigi à primeira bancada que encontrei.
- Vocês vendem garotas de bordo aqui? – eu não perguntei isso.
Lá se iam alguns dos meus trocados. Só voltei ao ônibus depois de duas doses, seguindo o motorista que, se eu tivesse uma aparência mais amena, teria sido cortês ao me convidar ao reembarque. Não o foi, e eu subi assim mesmo. Sentei no meu vago lugar duplo e aguardei até a próxima parada, ansioso por mais uma xícara.
A estrada parecia cada vez mais longa e monótona. Meu corpo era sacudido de um lado a outro e meus olhos se concentravam na mesma cor amarela da faixa que dividia a estrada em dois mundos simétricos e distintos. Não sabia qual era o meu lado e até onde aquele mundo me levaria. Foi então que o veículo seguiu para mais uma parada e eu comecei a ter uma idéia do que me aguardava.
Desci só depois de o motorista afastar-se uns poucos metros: não queria que ele notasse minha presença – eu poderia parecer-lhe um péssimo passageiro. Não adiantou. O bendito me flagrou estuprando, a goles abruptos, um copo de café.
- Você bebe muito café. Zorra!
Não era uma indagação, ainda assim atrelei:
- É. – surpreendi-me com a sua capacidade psicanalítica.
- Não atrapalha dormir?
- Dormir é perda de tempo – tentei, com essa expressão fútil e ignóbil, transformar aquele diálogo em um monólogo do qual eu sairia vitorioso. Falhei mais uma vez.
- Mas todo mundo precisa dormir. Você sabia que uma noite de sono não se recupera...
Deixei-o sair imponente da minha humilde tragédia grega e aguardei até que ele terminasse aqueles balbucios monossilábicos de quem não tem o que fazer e, por isso, fala. Quando sua boca apresentou-se imóvel, seus ouvidos pareciam ansiar por uma réplica. Como tal não foi obtida, seus pés – que funcionavam melhor que sua língua – dirigiram-se de volta à primeira poltrona do coletivo, como se todos os seus órgãos e membros tivessem uma programação robótica e moto-contínua.
No voltar ao meu assento, entretanto, visualizei algo que a mim parecia inconcebível. Não era uma loura pneumática, verdade. Era uma morena tanto franzina, de olhar quase perdido no enorme mundo que NÃO era aquele carro de quarenta e poucos lugares. Nem tinha abundância de mamas, mas duas pêras aparentemente sensíveis aos olhares mais devassos, como o meu. O resto, não consegui visualizar – ainda – mas desejava, veementemente, apalpá-la assim que apresentasse o menor indício de adormecimento.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hahahahaha. Um smile de sorriso sem graça e ela não imagina que eu acabei de bater uma imaginando comê-la no sofá de casa. E foi algo maravilhoso. Ainda que sem muita intimidade ou mesmo amizade, tudo foi compensado pela parte instintiva e física. A física é mesmo uma belíssima matéria.
E que idéia é essa de ideia não levar mais acento? É a desmoralização de um ideal. Ainda mais uma palavra tão bacana como essa. Estou de luto oficial declarado por quanto tempo ainda insistir em ter com língua-pátria um idioma que não recebe o valor que merece. A bem da verdade, o nosso idioma é o tupi-guarani, mas esse é que não ganha nem uma vírgula de qualquer acordo ortográfico que seja. O melhor acordo fica sendo, mais uma vez, discordar de tudo isso e continuar escrevendo errado a tudo e a todos - é óbvio que a galera da internet e a turma do ENEM não vai encontrar problema algum nisso.
Eu também sou da turma do ENEM. Ah, caralho. Da turma da internet também. Então vou continuar escrevendo idéia, tranqüilo e falando clítoris. Além disso, não escreverei mais em prova vestibulares sobre hímen - esse termo não sei se sofreu alguma alteração. Na verdade, nem fui atrás do tal acordo ainda. Mas para meus familiares e amigos que me consideram um cara estudioso e inteligente, tenho uma explicação: minha professora de português é simplesmente broxante.


O meu torpe dizer [22 de Março de 2009]
Postagem original

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hahahahahaha.
O título dessa imagem é "MerDeca1".
Não se apavore, é apenas uma aglutinação.
Qualquer semelhança com outros substantivos/adjetivos é mera coincidência.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Eu gosto quando teus olhos tocam
a luz que vem de deus. Do teu olhar,
lacrimoso, rimando o caminho do céu.
De teu vestido, quase nu, quando o vestes.

Eu posso sentir todo o calor de tuas mãos
até quando elas vivificam corpos alheios.
E sentir o roçar de macio seio quando tocam,
mãos de outro homem, algo que tanto anseio.

Mas serão somente minhas, as tuas meninas.
E sob essas d'ouradas madeixas hei de ter eu
meu doce acalento. Como um pastor que volta
ao rebanho saudoso, em fim de um dia frutífero.

E ao recebê-lo, a esposa, com os mais suculentos
mamilos de belo animal. Que vive, reproduz
e morre sem igual - não há outro mais belo
que use saias e saiba portar-se dama.

Oh! Qual dama de minhas quiméricas liras.
O teu busto em minha mente é fogo vivo
que arde em todo e em tudo que é em mim.
Faz arder também a centelha do amor que há
[em ti.



Aos olhos teus II

domingo, 1 de novembro de 2009

De!




A vida corriqueira é que me abomina
e os vales que andam estas praças
gritando mares de saudades,
até me animam, ai que loucura,

com a lacuna aberta e sangrando no peito,
até que me animam, aberta e sangrando
de um triste moço, muito triste mancebo,
derruba tantos postes na esquina

e grita: que merda de amor!
que loucura de ritmo!
e caído morrendo: ai, que essa dor!

Que essa dor nos jornais da matina
me consome em completa maldade!

eu que, todavia, dou vário ganho
e perco nas entranhas da vida,
não me canso das velas
e ainda choro, é, não tenho mesmo
porquê querer tanto.
Não é inspiração,
minhas póstumas saudades.
É, em verdade, mais alucinação
que desejo de reviver o passado.

Não é de completo falsidade,
essa indiferença que vive cá.
É simples ineficácia em palavra,
tomada em referência ao humano.

Impossível é continuar.
Possível é fazer esse impossível.
Devo prosseguir ou cessar?
Já, de fato, deveria tê-lo feito
[d'antes.

- de a loucura atormentar o juízo
- de o sêmen fecundar-lhe o óvulo
- de o amor não querer-me vivo
- de a doçura se transformar em ódio.



Aos olhos teus
- se imprescinde um título.