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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Miasma

Aos almoços dum corriqueiro dia-a-dia,
E à tal cova que familiar, de um torpor
Hipocondríaco, álgidos tremores esvaíam
Por um hímen atar na Arte do libertino.

Prepotente, ostentoso, insalubre e vil,
Um inopinado transparecer fúlgido de
Amour, tranvestindo as vestes púrpuras
Dum crepuscular credo na Arte cósmica.

Aquele mesmo alóctone, um mal-criado,
Retorquiu à madre - num ardil supor;
Do amor: ínfimo, mero em cretinice.
Esbelto florescer insólito, tão vero!

A progenitora? Materno carecer tenaz
Que o extenuava a ceder-se ante tudo,
Ventre de um exigir, dantes previsto,
Um amor prognosticado: efêmero afeto.


T. (06/12/2007 - 17h07min)

sábado, 15 de dezembro de 2007

Vasa-me agora,
tenebrosa flâmula da desconjuntura do meu ser.
Transborda-me sem hora
de findar em mim tudo isso que me faz parecer.

Vai-me agora,
o coração à espreita d'um tênue pesar.
Vem-me sem demora
à minha mente a expressão luxuriosa de todo o amar.

Entornam-me a mim,
os antigos, dantescos versos.
Esvaem-se em fim,
num mar de piegas e desafinados retrocessos.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Lunático, veneta magnética

O canto do Maldito arcaico louco
Exala-se numa invernia atemporal
Dum voraz delírio fatídico, ínvio
Aos sensatos racionais sêniores.

Abre-se a abóbada celeste, úbere
Do uivo ufano, do amor selênico,
Dos turvos Paraysos imaginários,
Frutíferas celebrações incautas.

Outros, mormente sêniores quais
Do racional-ser, racional-saber,
Racional-fazer, racional-querer,
Enfezam-se num onírico desejar.

Desdenham-se os insanos, porém,
Do ser e saber e fazer e querer,
Imersos, nuns devaneios alheios,
De magníficas aspirações ácidas.

T. (09/12/2007 - 00h04min)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Mente, minha mente, mente!
Diz que estou contente
Diz que eu sou feliz,
Nem que seja meretriz.

Mente, minha mente, aprende
A mostrar um sorriso ardente
Mostrar que sou só ilusão
N'uma tola, fulgurante, visão.

Mente, minha mente, descende
Do seu patamar de tal sabedoria,
Sabendo agradar à senhoria
Que à tamanha felicidade ascende.

Mente, minha mente, esquece
O último verso dessa minha prece
Que não deveria findar em ésse.
...




Mentire

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Protesto

Idos de dois mil e uns outros anos,
Um florescer inaudito e moderno
De mil corpos em exalares insulados
Numa, que divina, filantropia fugaz.

Paz e amor!
Uma querença amargurada,
Um querer que frívolo,
De um exigir abstrato.

Um milhar de crânios inanes
Sem amor, sem paz, sem ardor.
Genuflexos a uns vis argüires
Do espúrio pórtico do paraíso.

(T. - 27/11/2007 - 23h38min)

domingo, 25 de novembro de 2007

Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio
Compêndio

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Penso em tudo n'um dia
Penso n'um dia de tudo
De querer chegar à noite
Sem querer pular o muro.

Não acho que a vida é eterna
Nem que se faça dela algo justo
Mas de minha vida moderna
Quero algo terno e lento, fugaz e profundo.

A verdade é que caço borboletas
Frias, frígidas ao léu.
Inconscientemente - querendo tocar o céu.

Ao céu não sei se vou,
ou no inferno me afugentar
Mas guardo em mim esse duelo.
[~~ n'um sorriso que eu tenho pra lhe dar.


Sonnetto Aquém

sábado, 17 de novembro de 2007

Ao me ver perseguir-te,
E o fazer com tremores,
Escalda-me a face ao fel
Constrangida de tantos rumores.

De tanto fugires procedes
A um deus desgabador
Que a tua pele fere,
Dando-te curso superior.

E o faz com tamanha destreza
Que a minha ninfa princesa
Torna-se monstro usurpador.

Usurpa em ti a beleza d'outrora,
Convertendo-te a uma cotada senhora
Infiel ao nosso curso fundamental
[inferior.


Reminiscências de um amor barrido

domingo, 11 de novembro de 2007

Babélico III (Quadro de Poemas)


IX

Broquéis

Ao desraigar dos meus broquéis
Estive lânguido, qual prostrado
Ao arpoar do teu corpo proseado
Entre versos duma ardil volúpia.

Teu salivar protéico e místico,
Cá, eu, ao sensabor senegalesco
Séptico estático, um parvo autor
Ao escopo de tua alcova devassa.

T. (11/11/2007 - 12h33min)


X

Úlcera

Esta é a úlcera que te infecta,
Dormente, lôbrega vivalma parva
Com introvertidos olhos senis
Duma fátua e ignorante fé.

Qual fedor dos deuses lúdicos
Que te aniquilam o viver, afã
Invernoso: sempiterna estação.

T. (11/11/2007 - 13h01min)


XI

Maldita Poética

Nesta malfadada Poesia, ressoam
Os silvos mais abissais, quais
Récitos fatais em meu esconso
Dilacerado, um fulcro passional.

Versos ébrios - etéreos - de um
Propagador da insensatez d'alvor
Do esvair avante uma Era Inumana.

T. (11/11/2007 - 13h17min)


XII

Vilipêndio

Por ti, não-inesperado algoz
Que ma coragem acalenta em
Tanto Horror quanto o dito
Do Não - dum delicado amour.

Açaimo que te reveste o peito,
Um montante de moral, que nem
Mordisca o cru do intro amar.

T. (11/11/2007 - 13h26min)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Que se me fizesse adentrar
pelo lado de fora do mundo
Diria-lhe tresvarios, insânias.
Meus vocábulos sujos, imundos.

Que se me fizesse suar de ter frio
E grilar de ser varão passado
Diria-lhe loucuras mais abruptas
Quebrando o silêncio do verão inacabado.

E se fizesse-mo gélido e trépido,
tal qual as palavras minhas,
Seria, demais de megera a donzela,
Sublime, minha rainha.

Mas se insiste em faze-lo-mo crepitante,
Balbucio minhas luxúrias desvairadas
Em seus seios excitantes,
Sendo em ti mais que amante, amado
[, estudante.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Concubina, devora-me uns escrúpulos

Granjear-te é ganhar um gozo maior
Das ânsias vis de que cobiça o meu corpo.
E, incausto, arrancar, exaurindo-me o fôlego,
Toda a safadice de ti.

Mastiga-me, ninfa, engole-me,
Um casmurro dono do prazer que não é meu.
Mundana, rameira, meretriz;
Surrupia-te um restante senso qualquer.

Tresloucada sensação de te morder
O resíduo da casta que se transviou.
O vetusto ônus fariseu.

Hirto, desvairado dum prazer
Eriçado numa cama infectada
Doravante, por um impuro amour.

T. (26/10/2007 - 19h34min)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Resquícios dumas Horas Vagas*

À guisa de tal sempiterna mulher.
Olhar dum samba mortífero,
Outros melindrosos dedos,
Abocanhando uns safados fumos.

Incorrendo numa fenda no tempo,
[E eu, estróino, resvalando-me]
As cinzas, vis, dum findo tabaco.
Sensual fubecada, do ardor tardio.

Dou, até, uma fugida fricote
Do eu, de mim, daquele outro ser.
Entrevejo mil formas, veredas
Dum escapulir do meu ermo pigarro.


T. (23/10/07 - 16h25min)


* Título modificado.

sábado, 20 de outubro de 2007

Minha poesia é masturbação
Gozo tais palavras em sua mente
E você - pobre demente.
Não pode jugá-las se certo ou errado.

Minha prosa é metade errada
Sendo a outra metade poesia
Mistureba de amar e heresia
Vai entender no que se dá!

Minha proesia é trôpega,
podes ver.
Isso se queres tocar sem ser
um deletério bêbedo como eu.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Um Flexuoso Estigma - Pós-vanguardista

Daquelas floríferas mentes, de insanas inanidades;
Antagonistas, inaliáveis, irreparáveis, sãs.
Pré-seculares, instintos memoráveis de um Mundo,
Intrépido, meticuloso, análogo à ânsia heróica.

Frutíferas eras apocalípticas, idôneas, míticas,
Transviadas revoluções, ilegítimos reinados, quais
Intelectos vencidos, de uns transfixados morais.
Trânsfuga maquinal, dentre um meandro já milenar.

Fétidos facínoras delinqüidos tais que fatais,
Amorais líderes libidinosos, lidas liberalistas,
Inférteis liminares fronte decadentes cosmopolitas.

T. (17/10/2007 - 17h46min)

sábado, 13 de outubro de 2007

Não me apregoe bom,
Apregoe-me mais.
Mas não me apregoe sem,
Apregoe-me com.
[desafeto
[luxúria
[infanticídio

Apregoe-me bêbedo,
lunático,
dântico,
espermático.

Não me apregoe bom,
Apregoe-me mais.
Mas não me apregoe sem,
Apregoe-me com.
[desprezo
[sardonismo
[anti-esteticismo

Apregoe-me maldito,
passado,
malamado,
esquisito.

Não me apregoe bom,
Apregoe-me mais.
Mas não me apregoe sem,
Apregoe-me com.
[veracidade
[ferocidade
[verbosidade

Apregoe-me desvairado,
trespassado,
irritado,
mal humorado.

Não me apregoe bom,
Apregoe-me mais.
Mas não me apregoe sem,
Apregoe-me com.
[sua voz
[sua tez
[sua foz

sábado, 6 de outubro de 2007

Babélico II (Quadro de Poemas)


V

Malfadado

Vertem em mim.
Olhares, os quais enrabichados,
Entre deletérios salivares alguns.
Outros mais e nada mais, a mim, enfim.

Delinqüidos olhos. Malgastados.
Más cores de um fiel amor avulso,
Que não meu.
Senhor tal, de só um coração
E mil afogadiços quaisquer.

T. (06/10/07 - 12h27min)


VI

O Passageiro

O Passageiro do mundo.
Um ser alheio a um milhar de outros.
Minaz aventureiro, daquelas
Míticas e ignotas peripécias.
E nós cá, senis entidades.

Dizem dele em avelórios, ávidos
Gabos, entre fuzarcas e imprudências vis.
Cândido, porém, e partículas mais de um axioma
Dos pés, que confrontaram o mundo,
Nus.

T. (06/10/07 - 13h25min)


VII

Vício

A Morte é um vício que nos contempla,
Noite e dia, a égide da dor.
Áspide da estúrdia, anverso inalar
Que sufoca, egresso de ti, de mim,
De uma vivaz agonia vítrea em olhos mortos.

Mordiscando inférteis retóricas,
Em um enlouquecer desenfreado,
No desdouro da desdita de viver.

T. (06/10/07 - 13h54min)


VIII

Utérus

Há luz, perturbante.
Dignifica-se uma insólita perversão.
Pervagando novos ares, promíscuos.
Brados insanos de uma inaudita vida.

Membros desaforados, expurgadores.
Volátil hesitação. Dúbios arremedos.
Monstrengos estranhos a fitar o ato. Enfim,
Eclodiu-se o terrífico ardor universal:
Nasceu.

T. (06/07/10 - 14h37min)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os carros passam - vão e vêm.
Tão depressa, como quem tem
Um longo caminho a trilhar,
Um destino comum a alcançar.

Os carros passam - vão em vez.
Deixando um buraco numa tez
Onde outrora havia um sorriso.
Agora distante do paraíso.

Os carros passam - vez em vão.
Semeando o desastre pelo chão,
Onde marcam com sua fúria de borracha
O grito de dor e horror de quem por ali passava.

Os carros passam - vêm e vão.
Quando descobrem que também se esparramarão,
No asfalto infértil de arrancadas bruscas,
A cor amarga do sangue que agora o ofusca.

sábado, 22 de setembro de 2007

Minha língua pútrida acalenta seu sexo fétido
Seus seios fartos gangrenados fazem meu corpo morto delirar.
Nosso amor necrófilo, ou morto vivo, e tudo mais.
Mas não me negue o prazer último, antes que minh'alma se esvaia em meio a chamas bruxuleantes infernais.
Sua pele em veludo negro, alva e inegável, de onde o gozar da vida provém.
Somos corpos, sem alma, sem vida.
Somos mortos, e nada mais.


Pelo último dos mortos-vivos que nasce.
Pelo falso amor que...


Theophilo.
Lava o prato
Seca a roupa
[Fica em baixo de uma touca.

Mata o galo
Faz a ceia
[Se não o marido aperreia.

Esse corre
Fica pinéu
[De dizer sim pro coronel.

Volta e come
Come e dorme
[E a patroa fica conforme.

Párias do morrer a dois

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Cru! [el]

Um filho cru da frialdade subversiva.
Alter ego da demolição,
Auto-destruição,
Fornicação,
Felação,
Sexual,
[Atração.

Algo a mais, social ou carnal.
Puro, epiceno,
Enxerto obsceno.
Febril animal.

(T.)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Vago em pensamentos desertos,
bebo dessa água que não me cedes.
Penetro, em ti, o meu mais fundo âmago
Numa lamúria de prazer e infinita prece.
[por teu amor.

Não sei se por angústia ou luxúria,
enlaço-me a ti, num profundo gemido.
E mesmo o teu doce mel genital
não me cessas o prurido.
[por teu amar.

Flagelo-me o mais vivaz e inútil sentir.
Canso e descanso sobre o mesmo busto,
quando a inércia de não te ter
deixa de me causar tremendo susto.
[por teu prazer.

Degolo-te.
Amo-te.
Suicido-te em mim.
[por a ti amar.

sábado, 8 de setembro de 2007

Babélico (Quadro de Poemas)


I

Caos

Perdoa-me, pois;
Sou poeta, não preciso de pessoas.
Perdoa-me, porém;
Por adjunto ser, de tal insanidade.
Quiçá ser meu o sincero desejo da alma;
Entregue às luxúrias.
Perdoa-me tal qual o calor que aqui
dentro ferve; queimando-me o coração.
Perdoa-me, então, por ser poeta e não saber amar.

T. (03/07/07)


II

Quimérico

Confundo-me.
Como o suicídio de uma rosa negra,
Imersa em um jardim de flores fétidas.
Confundo-me.
Como a irracionalidade de um sábio,
Metamorfando idéias pálidas.
Confundo-me,
Com o horror de ser humano,
Declinando-se em emoções lúcidas.

T. (24/07/07)


III

Extravagância

Drogo-me ao arquejo de
um dia afluir em nuvens, sozinho.
Mesmo que suplique o calor de teu cortejo,
Infecto-me na ânsia de falecer-me,
Somente, à quietude da Lua.
Vulto de mãos adormecidas
Em dor não finda
Nem veraz.

T. (13/08/2007)


IV

Primaz Ventura

Plenipotência és Tu, dor.
Qual, pois, há de ser mais forte, que não tu?
Não há mais plectro que
não me surja de ti.
Paralizo-me no minuto do pesar,
Mesmo sem dor:
Pois dói por não doer.

T. (18/08/07)

domingo, 2 de setembro de 2007

Como um poeta morto

Iludir-se é naufragar dentre versos
semprosa, sem'edo, semterra.
Viver um sonho dormente
semvida, semteto, semdona.

Amar é saber se portar em si mesmo
semdó, sempena, semculpa.
Sentir o saboroso sangue viril
sempestanejar, semelucidar, semejacular.

Ter o pó da esperança dentro de si
é tentar um sentimento já inânime
semver, semcrer, semsem.

Sem vencer de dentro de si
a própria angústia, o próprio medo
e a mesma vontade de sempre.

(original de 09/04/07)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Veneno

Aguardo, bela meretriz, para te sorver o sangue.
Em escárnio, em putrefação, em galhofa.
Haurir-te o malfadado veneno,
[inescusável]
E, em ti, a derradeira gota verter.

Resvalar o brando esmero do tormento:
Olhos morféticos teus, moscando-se.

Outrora foste tu, augúrio meu;
Intoxico-me também, pois então.

Jazemos fétidos e tíbios,
Dentre mordaz torpor.
Quase que por sem vigor
Inumamo-nos unidos, em torpe solo,
Minha bela meretriz.

Cessando em vida,
Debruçados e sem coração.


(T.)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Era uma vez um cartaz no meio do caminho que dizia - em letras quase tão perceptíveis à alma quanto eram aos olhos:

COMPRO
SUA
ALMA

A idéia, de súbito, é chocante. Afinal, para que diabos alguém iria querer a minha alma? Na verdade mesmo não sei, nem ninguém mais, se a tenho ou não. Só sinto-a quando dói. E como dói. Os momentos adversos a esses anteriormente citados, sinto em outros órgãos (seria a alma um órgão?).
Da mente vem todo o prazer. À um decote - bem dotado, digamos - pertence toda a glória da malícia. Suculentos lábios são fonte próspera da felicidade. Prazer, amor e a ternura de um quadril.
Afinal, para que diabos alguém iria querer a minha alma? Essa - ao avesso do avesso de um corpo másculo e viril - perde-se entre carícias plenas e, de fato, inexistentes. Só idealizadas num mundo grotesco de amargura. Debate-se contra as paredes da melancolia e do tédio. Passa discreta e desapercebida por outras centenas, e ainda assim não pára um só instante de latejar um intenso desejo de fuga. Fuga. Quem sabe uns 4 gramas de somma?
Afinal, para que diabos alguém iria querer a minha alma eu não sei. Pena que não deixou telefone para contato e endereço.




Quando acabar, o maluco sou eu;

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A despedida é - entre a senda escabrosa que trilha o caminho "dessa para melhor" - um dos fatores determinantes ou integrantes do medo. Se estar vivo é o bastante para o cumprimento de nossa sentença, o encontro com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados - por que tudo o que é vivo, morre mesmo! -, o que seria da ida, sem a despedida?
Além do longo "ctrl + c, ctrl + v" expresso anteriormente, seria um condicionamento para relações frígidas e sem um sentimento palpável e expressivo - isso está explicitamente tangível. Entretanto, não o seria da mesma forma se visto de ângulo diferente: para quê sofrer com despedida?
Se só vai quem chegou, e quem fica não esquece dos seus sonhos, suas metas, nem paixões, não há razão para tal. Além do mais, quem foi - da mesma forma como chegou - poderá voltar ou ter-nos integrados ao "rebanho de condenados".
aaaE assim tudo é tão simples que cabe num cartão-postal. Se o nosso caso de amor não pode acabar mal, se acabou, não foi nada mal. Afinal



Você sofre,
se lamenta,
depois vai dormir.
Como pode alguém ser tão demente,
porra louca,
e ainda amar?



Deixo-vos, agora, um simples bilhetinho azul.
Xuxu,
Vou me mandar.


terça-feira, 21 de agosto de 2007

Why worry?

Se você começa o dia com um sinal vermelho, relaxa.
Há de o próximo estar livre para sua passagem.
Porém, se todos resistirem à tentação tediosa de te conceder tal proeza,
relaxa.
Não é por todos os sinais estarem vermelhos que seu dia vai ser uma merda.

Além do mais, o vermelho é uma cor maravilhosamente bonita.
Mas se você ainda achar o verde mais agradável, relaxa.
Eu também prefiro o verde, muito embora todos não o possam possuir.
Quem disse que tem de haver espaço para todos no mundo?
Alguém?

Lembro-me, entretanto, de alguém ter dito que a diferença que separa a noite e o dia
é um galo chato que alguém, em algum lugar na vizinhaça,
aprisionou em seu quintal.
Oh! Como os galos são chatos. Lembram-nos do nosso infortúnio.
Quão cruéis são os humanos.

Essa foi uma mensagem quase melancolicamente irrefutável, tão quanto inútil.
Entretanto, meu caro, relaxa!
Não fique se buscando dentro desse mundo, nem no seu, nem de alguém que seja.
Simplesmente relaxe e tome uma boa atitude.
Quer uma inspiração?

Aqui óóó>>>>>>>>>> Você pode, você deve.

domingo, 19 de agosto de 2007

Pensamentos em vão.

Vãos em pensamento.

Tolos; tolos somos nós.

Em meus encantamentos.


Julieta sem Romeu,

Um Romeu mergulhado em Julietas.

Dentr’outras megeras, meretrizes.

Vivendo em sarjetas.


Um pensamento sujo

Sobre teu corpo honrado

Em tua face tão límpida.

Dentre o teu ventre selado.


Romeu, decerto, não sou eu.

Julieta, deveras, não és minha.

Ainda que reine sobre meus subalternos.

Doutrem tu és a rainha.


Mais um toque excita minha mente

Pena, não é o dos teus doces dedos.

Não funcionam mais os meus sentidos

Ao saber que eles tocam sobre outros enlevos.


Só um rei sem uma rainha.

- Romeu, degolo-te! Essa dama é a minha.

Põe trajes sobre tua pele.

Deixe-a com o dono da espada que agora te fere.



Amanhã tem, baby lonely.

sábado, 11 de agosto de 2007

Eu quero alguém
Eu quero alguém pra dizer que amo
Eu quero alguém que diga que me ama
Eu só quero alguém
Eu só quero alguém que me faça vivo
Eu só quero alguém que eu faça viver
Eu preciso de alguém
Eu preciso de alguém que me faça feliz
Eu preciso de alguém que eu possa fazer feliz
Mas na verdade,
Eu só preciso me livrar disso tudo, preciso me livrar dessa merda que me consome a cada dia, essa merda que só me faz sentir um verme, um maldito verme preso na merda.
Morra o amor.
Todo mundo ama, todo mundo,
TODO MUNDO,
Menos eu.






Não preciso dizer pra vocês que essa merda é minha né?
Obrigado pela impaciência, aproveita e vai se foder.

domingo, 29 de julho de 2007

Primeira Carta Escrita Não-Enviada de Seulpoet

Datada de 29/07/07
Às 03h03min
Enviada a ele mesmo.


Caro Eu;

Estou agitado, neste momento. Porém, tenho siso e concisão em minhas próximas palavras. Sim, e tenho dito. Avolumei-me de dúvidas e inconstâncias que me elevam ao estado de insano. Eu mesmo digo a você (ou eu), que eu (sendo você), somos, sou ou é o invólucro do nada que nos forma. Sendo eu você, ou sendo você eu, é este o "nosso" invocativo: a avidez em tornar-me um
insano destruidor de eus. Não temas tu, mesmo sendo eu, já que tu és o eu que prezo e que preciso fazer coexistir para destruir-me aos outros eus e aos outros tus. Acrescento: não estou respeitando-te, nem respeitando-me. Sou, é, somos os destruidores de nós mesmos. E, talvez, nem eu sobreviva a mim mesmo.

Affctueusement, Seulpoet.

(T.)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Satiríase

Senhoras e senhores, adivirto-vos: peco como somente as línguas dos longíguos diabos fétidos e dementes pode vos afirmar.
Caso vos ofenda, não hei de pedir perdão: já não há escrúpulo algum, em mim.
Ergui-me na escuridão da insanidade humana, vasculhando a despretensiosa sensualidade inerente ao subjetivo. Enfatuei-me e provei de luxuriosa soberba.
Quando estive arqueando e a pandegar no Inferno, fui condecorado como o 'Lorde dos depravados'. No paraíso, fui o devorador de lindos anjos.
Minha voz sibila como um entorpecente que seduz almas puras. Rasgo-lhes o corpo, a mente e o coração. Ferve a paixão, febril. Inóspita.
Porém, escondo-me de mim mesmo e da minha face, ao amanhecer.
Afeito às sombras, desvencilho-me da luz.
Quando a Lua eleva-se e os lobos uivam em Ode ao Obscuro; meus olhos empertigam-se, minhas mãos tremem e meu corpo pede por vinho.
Peço também por tóxicos inebriantes.
Clamo pela decadência.

Eu sou um vampiro mórbido. Sugo a vida.
Sou o frenesi que extingüe a racionalidade dos corações.
A fúria que atinge os inocentes.
Sou o julgamento final: o tormento.
O vampiro que suga o júbilo.
Não temo a minha volúpia, atiço-a e entrego-me aos corpos.
Sexo, seduz-me, sempre fi-lo sedento e ardente, assim como o faço mais arduosamente ainda.
Devirtuo a pureza, enquanto a paixão se interpõe delgada.
Dedos que me tocam, boca que me sente, corpo que enrijece.
Não renego a minha tentação.
Sou elegante e decadente: sou indefinido.
Filho da terra, do céu e do espaço.
Em mim, transita o sangue do infinito.
Séduit par la mort.

Prazer, caros abnóxios:
Meu nome é Lunamant.

(T.)

terça-feira, 24 de julho de 2007

Passeio Noctívago
Sombras entranham-se em mim,
Minha psique intumescida.
Ufania atinente - À 'Aquilo-que-é-e-não-é'.
Escravo do nada, ou do tudo.

Não há sonoridade em sua voz - nem voz,
Não há luz em seus olhos - nem olhos,
Não há sanidade ou insanidade,
Não há, nem mesmo, o nada.

Transborda, o caos.

Ando pelas ruas disseminadas em ecos
De palavras desnorteadas e emoções extintas.
Faces ocultas, embriaguez de escuridão.
A me dizer adeus, vozes enfim.

Corri estouvado ao indefinido além
À busca do deleite do escape,
Das ruas, de mim.

Iludi-me, apenas:
Não sei onde estou.

(T.)

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Subconsciente

Algo - saliento: mórbido - acolita-me.
Membros esparsos, tais como fragmentos de almas,
Dilaceram, do meu pavor, agudos silvos.
Ergo-me na solidão.

Sonambúlicos, meus pensamentos evaporam-se.
Intríseca, minha coragem dispersa-se.
Voláteis, meus nervos vão-se, remotos.
Acordado? Sufoco-me, eu e eu.

Horror, invade-me - entorpecente.
Nada mais.
Não há mais.
Nunca mais.

(T.)
Inconsciente

Há, então, 3 horas primeiras do dia;
Escuridão enerva - enevoa.
Enfado-me, rebuscado e calado,
A escuridão também: silêncio de bocas mortas.

Encolho-me estertorante,
Vulnerável e amuado.

O assombro estorva repetino,
Ligeiramente atemorizando-me.

A Face, bruscamente, estende-se a me contemplar;
Suas sombras, delineando-se,
Emitem ruídos sangrios,
E - Ela - ergue uma gélida voz taciturna:
"Não há mais volta."

(T.)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Pústula Flor

És a minha flor favorita,
Esbelta, esmerada, efusiva;
Com mil sabores diversos da mesma orquídea
Entre mil feições distintas do mesmo jasmim;
Cores inebriantes - matam-me a todos os instantes
Envolto em sensações efêmeras,
Austera decisão - viver sisudo;
Ah, hei de me entregar à dor.
Da lascívia das tênues pétalas,
Mero escravo tornei-me - Oh, Flor!
Flor intensa e irascível,
Rasga-me, aos meus sentidos,
Porém não deixes - Oh, Flor! -
Vestígios do que sentir,
Neste lúgubre coração.

(T.)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Poeta

Filho: torne-se poeta.
Aprenda a desconhecer
o Universo e o Amor.

E sentir.
[dor e prazer]

Esgueirar-se em contradições
Respirar paradoxos
Construir inflexões
E destruir paradigmas

Alucinar-se em ódio
E regozijar-se em amor
Provar da mais condoída amargura
E da mais terna delicadeza
[e não apenas os guardar no escrínio]

Gritar, uivar, gemer
De vontade - TODAS
De tentação - QUAISQUER
De desejo - INTEIRAMENTE
Sem restrição à entrega

Deliciar-se de toques
Mãos, dedos, lábios
Por um único instante: únicos
Prováveis causadores da minha embriaguez
E de meus olhos calados.

Sensações inebriantes
Que me fazem morrer enquanto amo
Falecer em teus braços
Envolto em tua ternura.

Obter, de tal forma,
Aptidão de chorar e sorrir
Demasiado contente, assim como triste,
Em subsequente horror e amor.
Transmutando-se em sentimentos.

O preço dessa sensibilidade, porém,
Em meio aos jardins do exótico
E aos mares do inefável...
É absolutamente inerente à solidão.

(T.)

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Indefinido

Sua voz se perde entre a de mulher e a de um homem
A humanidade parece seduzida por seu andar
Seus olhos infiltram-se e encantam a todos
E suas mãos parecem flores

Sua sensualidade me prende
Meus desejos se confundem com seu corpo
E na luz breve da matina
Meus olhos se abrem em frente aos seus

As noites parecem sumir nos corredores desse prazer
As portas se abrem a cada passo
As dúvidas salientam minha confusão
E fazem brotar a desilusão aos meus conceitos

Minha boca cede ao seu toque
Seus dedos deslizam como as nuvens
Que acariciam a lua nessa noite fria
E a vontade de me agarrar a esse desejo aumenta

Meu corpo quente que clama pelo seu toque
Novamente - a luz anuncia o sol que chega
E nos encontramos dominados outra vez
Pela tentação das nossas dúvidas

Filho da terra, do sol, da lua
Um céu de estrelas negras, sombrias
Cores que brotam na face de anjo
Indefinida - infinita - proibida

(T.)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

As Nuvens

Les nuages...
E aqui há um todo palpitante coração
Serpentes que se enroscam
Raízes do egoísmo que brotam
E a nuance do ódio que não se esgota

Uma dúvida no semblante?
A que deus amas, a que diabo serves?
A que fé desvencilhas? A que tom gritais?
Que palavras soam infâmes?

Caído repousando e encantado
Permaneces deitado ante a decadência
Gritai, levantai, ouvi minhas palavras
Tentai permanecer involutário às emoções

Embriaga-te da noite, bebe da lua
Pela face que resplandece na brisa
Senti o veneno dos meus lábios
E não tenhais medo do taciturno lado da noite.

Les nuages... J'aime les nuages.

(T.)

terça-feira, 1 de maio de 2007

Prazer Repugnante

Perdura o momento de tocar-te a pele
Saboreando as curvas do teu corpo
Delineando lentamente com meus dedos
A vontade de saciar minha perversão

Compenetrado em desejos
Perplexo ante a serpente intrépida
Alisando-te e urgindo em movimentos undosos
Adentrando teu sexo

Exonerando-me - Insensato
Minhas pálpebras fecham-se silenciosas
Enquanto meus membros laceram com ferocidade
E o sangue brota em escarros

Simuladamente e involutariamente
Suas mãos trêmulas e frias
Transmitem a morte de sua pureza
Ao tocar-se com irrefutável repugnância

Luto à náusea de ser humano
À pose que se retalha e dilacera em prazer
E ódio - E mentira
Minha luxúria - A sua mortalha

(T.)

terça-feira, 17 de abril de 2007

Quem sabe o que é?

Eu fico com a rudeza do sinal das catedrais.
É a vida, é cândida e é doída.

Viver é não ter vergonha de errar outra vez.
Cantar, desafinar e tombar.
Sem ter na mente o infortúnio do que um dia você fez.
Eu sei que eu não sei.


Que o erro que passou pode amanhã piorar.
Eu só quero que você não reflita.
É a vida, é cândida e é doída.


Mas e o amanhã?
Quando ele vier vai machucar ou não?
Vai ferir a ferro o seu coração?
Vai deixar uma mágoa sem perdão?


Mas e a morte?
Virá de uma vez só deixando lamento?
Ou será a plenitude de um céu barulhento?
Só ver para crer, meu irmão!


Há quem não sinta ferida ardente.
Que espairece um mundo.
Num gesto, num ato.
Que nem dura um segundo.
Há quem sinta e ainda minta.
Mistério profundo.
É o sonho do pensador.
Numa felicidade cheia de dor.
Palavras não dizem o que querem dizer.
Atitudes não revelam o que querem fazer.
O poema reflete o que não querem saber,
Por que viver não é tudo.
E o resto é sofrer.


Eu só vivo o que vejo e o que sou.
E no que sou não ponho a força da fé.
É a vida que faz o que somos.
Como der ou puder ou quiser.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Luxúria Pessoal

Venha e prove da minha luxúria.
Ouça esses gritos que ecoam
Em um vórtice insano de perpiscácia
Dentre tal âmago suntuoso de volúpia.

Atenta-te às métricas que poluem
E distribuem as rimas e suas persuasões
Procurando um meio de achar um sentido
Imerso em múltiplas faces mergulhadas em dissuasões.

Tardio e ignóbil - com um caráter depreciativo
Tênue - concentra-se de forma débil
No paradoxal sentido inexistente
E assim, ostenta tal dúvida: ora ativo, ora passivo.

Ativo, vem e ataca - a lembrança.
Passivo, fica e atinge - a falta.


(T.)

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Odeio como as palavras saem da minha boca, parecem sujas, corruptas.
Sinto vontade de me jogar do precipício da vida toda vez que abro a boca pra dizer alguma coisa, as palavras são como navalha, cortam a sua voz, sua garganta, te cortam por inteiro. E não machucam só a você, machucam também quem está perto de você, quem tenta te amar. É duro sentir o mundo passar a sua volta, e você estagnado ali, cansado, incapaz de mudar, as vezes até se arranja alguma esperança pra continuar, pra seguir em frente, mas, acaba batendo de cara com uma parede grande e firme. Estou preso num labirinto que parece não ter saidas, com essas paredes fortes e firmes procurando uma saída, uma brecha, por menor que for, mas não tem jeito, estou perdido.
E esse labirinto consome as esperanças nesse processo louco de difusão.





NP: Caetano Veloso @ Trem das Cores.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Você nunca varou
A Duvivier às 5
Nem levou um susto Saindo do Val Improviso
Era quase meio-dia
No lado escuro da vida

Nunca viu Lou Reed
"Walking on the wild side"
Nem Melodia transvirado
Rezando pelo Estácio
Nunca viu Allen Ginsberg
Pagando michê na Alaska
Nem Rimbaud pelas tantas
Negociando escravas brancas

Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre
Nunca chorou sozinha num banheiro sujo
Nem nunca quis ver a face de Deus

Já frequentei grandes festas
Nos endereços mais quentes
Tomei champanhe e cicuta
Com comentários inteligentes
Mais tristes que os de uma puta
No Barbarella às 15 pras 7

Reparou como os velhos
Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo
E sabem que a vida é bela

Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela

Você nunca sonhou
Ser currada por animais
Nem transou com cadáveres?
Nunca traiu teu melhor amigo
Nem quis comer a tua mãe?

Só as mães são felizes...


/do mestre Cazuza

sexta-feira, 23 de março de 2007

Plenitude D'Amour

Desnudos tenores, ternuras desentendidas
Submundo sombrio, sombrio mundo
Mundo-submundo, sombrio subentendido
Ma cherrie,
Glória, horror e descaso
Na escuridão, cegos cantam
Na claridade, mudos enxergam
A felicidade chega a ti.

Sobrecai a queda palpitante
Decai o coração ardente
A tristeza e a sua vontade
A felicidade e a anti-pontualidade
A estrada e uma flor
O jardim das epopéias.

Salientes, carnudos, prazerosos
Um toque de mãos, um fechar de olhos esperançosos
O teu semblante perfeito
Reflete a corrida à tristeza.
Sinceridade ou fraqueza?

A espera eterna (com enfoque do belzebu)
Gélidos olhos, louca perversão
Possibilidade de travessura
A Travessura da possessão
Posse da repreensão.
Repreende minha postura.
Argüindo sobre a depravação.

Um último sorriso, despreende-se como poeira ao chão.

(T.)

quarta-feira, 21 de março de 2007

Não tente se conter
desse vício que te abraça
desse sol que te esmaga
essa virtude que te tenta.

Não tente me entender
das minhas diversas loucuras
nessas minhas sortidas ternuras
que dilaceram-se entre sentimentos.

Não tente escrever certo
nesse papel que lhes dão errado
nessa poesia em mim perdida
abatida em vãs melodias.

Não tente se viver
com um amor tão reprimido
esse choro tão contido...
em um samba totalmente no escuro.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Carnaval dos Pecados

e, num passeio rotineiro pela noite,
você me encontra caido ao chão.
um bêbado ao léu.
"cara, que jovem perdido!"
isso tudo enche a tua cabeça e você volta para a sua casa de porcelana
para coçar o teu saco feito de ouro.

outro dia, lá está você a caminhar lentamente pela praça e, na escuridão da noite, volta a me encontrar chapado deitado em um banco.
"mas que merda de garoto perdido!"
então você deixa toda essa porcaria de lado
e, novamente, volta para a sua casa linda e arrumada.

semanas depois, ao passear pela cidade
desfilando com suas novas roupas de seda pura,
você me encontra andando acompanhado
de lindas vadias.
"mas que cara porco!"
e, após virar sua cara mais uma vez, você volta para a sua vida
confortável e chata.

não direi para você não se preocupar.
isso porque a cada vez que você me encontrar na rua
eu estarei pior e pior,
na plena decadência da minha espécie.
vivendo rápido e cruamente.
vivendo a minha juventude perdida,
o meu inferno.
e pior a cada dia, eu sobrevivo na sarjeta.
porém, não matenha a sua fé, meu querido.
não pense que um dia você vai rir da minha cara.
porque até lá, já terei vivido o suficiente
para ter morrido de overdose.
overdose da noite.

porque toda essa merda me excita,
e eu gosto dessa minha vida excitante.
eu aproveito cada dia do meu carnaval dos pecados.

(T.)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007


Sem seguir viagens
e sem esbarrar por fronteiras.
Vivendo, aprendendo e se fodendo.
Queira você ou não queira.

Sem sentir quando pisei nos espinhos,
a vida é uma vida de vai e vem
e quem quer ir por outros caminhos...
faças que convém!

Sem vir com essa de não ser impetuoso
se errarmos no caminho, perdão a Deus.
Que Ele sim é piedoso.

E se no caminho eu passar mal?
Não importa! Sabe oque eu quero?
I want it all, and I want it NOW!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

O amor é algo esplêndido,
O amor é como oxigênio,
Nós sorrimos e choramos,
Vivemos e morremos pelo amor.
De que vale um coração intacto,
Sem nunca ter sofrido por amor?
De que vale uma vida tranquila
Sem o sabor de um beijo por amor?
De que vale sorrir e fingir,
Sem lutar e tropeçar e cair
E tentar ser feliz?

Eu sou amor da cabeça aos pés.
Eu sou sofrimento e felicidade,
Eu sou a entrega e a coragem,
Eu sou a certeza de que segui a vontade do meu coração.
E isso é viver.
Isso é a liberdade.

(T.)