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sábado, 25 de junho de 2011

Te vejo nas esquinas
por onde eu ando
de vez em quando
eu te vejo.

Te vejo noutros rostos
nos meus desgostos
e mesmo sem teu rosto
eu te desejo.

Te quero nos meus braços
alheios aos meus traços
do fiel, frio e puro desespero.

Te quero em meu regaço
preso aos meus laços
que mesmo sem gostares
és meu sossego.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Canção do Tamoyo - Gonçalves Dias

domingo, 19 de junho de 2011

As tripas do cérebro maculando
a alva lividez do azulejo terráqueo.
Foram-se os pensamentos extraterrenos
em esbaforida e incansável autoflagelação.

As formigas se divertindo com os seus restos
- imortais do éter castanho e putrefeito
das ideias que lhe carcomiam as entranhas,
repletas de vontades e desejos irrequietos.

Lápis, canetas, livros, amores e ódios
todos expostos à ferida do último flagelo,
da última perturbada expansão pulmonar,
da mais indistinguível e banal contração cardíaca.

Humanos uniformizados recolhem as suas vísceras
e esquecem, em seu recatado e silencioso recinto,
as tantas viscerais proezas feitas quando em vida
e - sobretudo - o mais belo gesto de morrer.


As Últimas Palavras de um Decrépito Cadáver

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Coração errado, traquino
não sabe o preço que paga
por viver com esta mágoa
e amar feito um menino.

Coração bobo, tolo, criança
sabe que é um indecente
'inda anda todo contente
por pagar à toa esta fiança.

Que o beijo dela é todo o mundo
que não se quita num só segundo
mas fica pra sempre em dívida eterna.

Que o corpo dela é o mundo todo
que abraço com meu coração bobo
e me perco quando ele me erra.


Amor Banal

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Você me deixa o pau duro
e um tanto inseguro
de saber se ele está certo
ou eu estou errado.

Minha mente vacilante
anuncia ao membro vibrante
a mais ingênua e pura
forma do feminino pecado.

Sou um mero e simples amante
desse teu corpo errante
e de açoitá-lo a penetrantes vistas
não sou exatamente culpado.

Tu és, de fato, a pecadora
por incitares minha íris delatora
a tantas contrações sanguíneas
com teu belo quadril celerado.


Vamos os Dois ao Inferno