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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Eu não vi quem não me quis ver

Eu sou em voz alta e clara, e eu grito.


A quem quis foder: Fodeu!
E ao nadador: há muita chuva por vir!

Eu ando, e se tenho casa,
que me faça por andar ao meio da rua,
em meio a sua cabeça.

Eu sou e ando e tenho todas as vogais
e consoantes do mundo das seis!

Das sete, das oito...

E todas as dúvidas que lhe caibam.

A quem se despede:
até mais!

Até, que aqui estou eu.

Aos meus dez minutos de antes,
disse-lhe todos os meus minutos
que antes é seu.

A esses de agora, eu ainda tremo,
e se não respiro, é porque respiro mais.

Meus pontos de despedida, são pontos
de adeus, dando fé à merda!

À merda!

E, a quem me dirá:
[leia aqui
"há rebeldia demais!",

rebeldia há mais.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O enredo desse samba à noite sou eu
E a pestana dessa nota açoite é no meu
Dedo que dói sem sentir corda alguma
De sonoridade que soe bem ao sentir.

O bobo da corte hoje não é o rei
Tocando o pandeiro passado do amei,
Misturando a realeza do sentir à plebe do fazer.
Que se sente mais fazendo, que se faz sentindo.

E todas as fantasias de hoje são as minhas,
Sem querer desfazer do carnaval as entrelinhas
Que separam o desejo do prazer
Na maldita terra onde pra dar tem de doer.

A angústia mais banal de sempre
Hoje folgou eternamente
Pra não dizer que só planta a semente
Aquele que sabe como sanar as dores da vida
[hoje - não sou eu.


Estou me guardando pra quando o carnaval chegar

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Há uma hora na noite em que o coração - sóbrio
Sente falta do vinho, da vodka e de qualquer álcool.
Saudoso de Marcúrio, Marte e Vênus
Ofegante, cheio de Terra.

O sentimento - escancarado - busca uma saída.
Saída qualquer, que não encontra.
Não há saída para o que se sente.
E as mulheres de Marte hão de aguardar.

A veia cresce, sem sentido algum.
Não parece haver circulação ou batimento sequer.
Mas o pulso ainda pulsa dentro da mente que pensa
Sempre na garota de Mercúrio.

A excitação aumenta, só de tocar o ar.
Moléculas descomprimidas do mais trivial oxigênio
Chocam-se às células nervosas do ativo púbico
E as virgens de vênus continuam intactas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

As águas de março afundaram meu riacho
E a quarta-feira de cinzas chegou mais cedo para mim
Quarta-feira triste, sem dó e sem cinzas
Quarta feira triste, feia e sem frutas.

As alegorias passaram distante dos meus sons
E seus sons fugiram absortos de meus pés
Pés ingratos, insensatos pés.
Não agem sobre o mal que fazem à minha tez.

O gingado da morena se esvaiu por seus quadris
Saracoteou suas melenas distante do meu nariz
Que agora só cheira o meu ego flatoso
Excêntrico, magoado, receoso.

Agua'rdente dissipa em meu sangue uma canção natalina
Ai, que época boa. Ôh, que música linda.
Era pra ser de batuque e frevo
Agora é amargor e desespero.


Tô agua'rdando pra quando o carnaval chegar

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Há palavras no pão
E palavras no leite.
Há palavras no chão
E palavras no leito.

Também há palavras no chapéu do padeiro,
Há palavras no ar de pão fresco,
Na filha do padeiro - em seu traseiro
E também dentro do cesto.

Há palavras caindo pela escada
E letras me assustando atrás da janela.
Há uns versos perdidos na vaca malhada
E outros no leite bebido pela banguela.

Há uns termos de merda
E merdas que são termos.
Só não há expressão que não feda,
Como uma palavra que cheira.

A cerca de palavras