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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Te ver.
Nunca mais te ver.
O que os meus tristes olhos hão de fazer?
Se não mais tua alva pele podem tanger.

Te ter.
Nunca mais te ter.
Nem deveria, este mancebo, dizer
que não pode - não mais - te possuir

se foi só de relance
foi só n'um instante
era só de partida
sem volta, só ida.

E eu ficarei com os mesmos tristes olhos
e longos versos que esperam sofregamente lentos
e ociosos demais por que já não podem cantar
as tuas formosuras de passado sábado à noite.

Quando o carnaval chegar novamente
estarei eu com a mesma gente
quando a máscara da alegria levantar
mas quando cair você não vai mais estar.

Não estará com teu plácido seio
em que eu, pueril, sossegava as vistas.
Nem com tuas coxas expostas, quase nua,
às vistas de todos que quisessem ter vista.

Restarão apenas as cinzas da quarta-feira
para marcar em minha memória a imagem acinzentada
de um amor que não durou
mais que suas chamas permitiram.


Te ter? Nunca mais te ter.