Nasceste de imundo ventre
- da natureza de toda essa gente
que não sabe viver de verdade.
Viveste a vida mundana
da maneira mais pérfida e profana
com a que maculaste teu pobre seio.
Foste na vida a verdadeira vadia
das horas tristes e sombrias em que a poesia
deixa de existir e abre mão dos mortais.
Ainda assim sobreviveste
e numa noite de quaisquer estrelas
foste ao encontro dos olhos meus
e com o teu busto ateu
é que me convenceste
que a verdade está ao contrário.
Nasce em meio à putrefação humana
a mais bela e cotada dama
que humildade aos homens proclama.
Aflora com odores celestes
o amor com o que, sem pesar, me destes
todo o prazer que cabe numa noite.
Persistem, por entre todas as feiúras,
os cabelos e o olhar mais lindos que existem
envolvidos em divina ternura.
Morre do sangue mais vil
e da doença de amor mais febril e venérea
mas não é puta - mais é santa.
Venérea III
terça-feira, 29 de novembro de 2011
domingo, 20 de novembro de 2011
Um grito no escuro e ninguém te ouve
o que é que houve?
Um grito no escuro e ninguém soube
- tá tudo podre.
Você se assusta na rua
mas não há nada
que possa fazer
está perdido.
O que vai ser?
Será um rato
ou será mendigo?
Está perdido.
Não há mais chances
- só o abafo
do golpe desumano
que lhe traga a chama da vida.
Não é do verbo trazer
essa indelicadeza
é do verbo morrer
- pura certeza.
Um Grito no Escuro
o que é que houve?
Um grito no escuro e ninguém soube
- tá tudo podre.
Você se assusta na rua
mas não há nada
que possa fazer
está perdido.
O que vai ser?
Será um rato
ou será mendigo?
Está perdido.
Não há mais chances
- só o abafo
do golpe desumano
que lhe traga a chama da vida.
Não é do verbo trazer
essa indelicadeza
é do verbo morrer
- pura certeza.
Um Grito no Escuro
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