Há muito não escrevo.
Nessas luas de decadência ignóbil
em que a vida parece tão importante
eu me perco.
Perco os sentido de outrora
- tão aprazíveis e regozijantes.
Perco a gramática, a sintaxe das coisas.
Perco-me até na grafia das palavras.
Não sou eu mais o mesmo
- quimera se ainda o fosse.
Sou outro muito mudado
- sem verbo, sem faca, sem foice.
Até as antigas rimas se foram
nos ventos sórdidos de mundana vida
que peleja, realiza e se engrandece
mas não faz o que mais a agradaria:
não escreve.
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