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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ah, solidão, que me quisera só contigo:
Em teu peito sou mais homem.
Em peito de mim, homem, farás teu abrigo.

Que de corpo de um menino, singelo e fraco
Tornas o mais vil nobre homem
- que a dor de ter só a ti consome.

Não lhe peço mais que a companhia, amiga.
Não lhe oferto somente o corpo e mente.
Entrego-lhe de peito aberto todo o sujeito.

Desse eu que não sou mais sem ti,
penso que também não és sem mim.
Viveremos felizes, porém, ao expirar.

O prazo que consome a cada dia, menina,
o corpo frágil, a mente incrédula, a peste viva.
Vives em mim, d'alma e corpo.

Renego-lhe todas as injúrias humanas
e as perfídias das mentes sensatas que iludem
o mais valioso senso de amor ao próximo.

Queixo-me, entretanto, das horas em que desapareces.
E que pareces me deixar solteiro, homem vão
e vão mais mil horas a desatinar em meu tempo.

Minutos passados, corridos de dedo em dedo.
E até sem dedos tanges o âmago do meu ser
Serei eu minha própria infâmia, amada minha?

Dispensa as explicações aos sãos mortais
que a morte não tarda em chegar-lhes, minha cara.
Então seremos apenas nós dois - solitários.

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