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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Foi a resposta que me fugiu à mente,
contrariando o mais pródigo desejo.
Mesmo hoje me arrependo arduamente
de não ter aproveitado o ensejo.

Arrependo-me como homem que não sou:
nessas horas sou só aquele menino
em que causas o susto repentino
de ter à boca o alvo leite materno.

Foi-se o poeta embriagado
desse dourado que são suas madeixas.
Restou agora o cético sóbrio
amargurado, chato, de tantas queixas.

As vezes da vida voltaram-se ao criador
e pediram-me que esquecesse de ti
todo o teu resplendor
- ah, qual penar, o meu!

Voltar os olhos contra tal beleza
não seria nunca minha última fraqueza,
se só olhar teus delicados braços
já me faz aumentar as medidas.

A crítica dos tolos não corrói
o mais criterioso elogio apaixonado.
E só a insensata indiferença da amada destrói
a força misteriosa do amor requisitado.

Não me queixo aos tolos,
nem tampouco aos humildes de amor próprio.
Queixo-me apenas ao destino, minha querida.
Ao destino que nos fez amantes distantes.


Só ao destino.

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