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sábado, 19 de março de 2011

O mundo existe
não sei por que diabos.
Eu existo
e você também.

Existe a natureza
- os pássaros, morros.
Existem os edifícios
- prisões e escolas.

Às vezes olhamos o céu
cheio de estrelas ou não.
Nublado ou não.
E tudo faz sentido.

Mas só às vezes.
Por que, na grande,
grande maioria das vezes
é tudo tão obscuro e sombrio.

O fato é que existe verdade
- ou eu acho que existe.
Como bem existe a mentira
- e dessa eu tenho certeza.

Às vezes - raríssimas vezes -
tudo se encaixa perfeitamente.
É assim quando eu te vejo
- mas só quando te vejo.

Às vezes - poquíssimas vezes -
as palavras fluem bem.
Tão bem que é quase depressa
e prescindem-se os travessões.

Por que, quando eu te toco,
tudo se esvai em rumores.
Quando eu te como, minha certeza
perde completamente o sentido.

Deixa de ser certa.
Passa a ser errada.
Passa a ser incerteza.
Mas não deixa de ser.

Do jeito que eu não queria
deixar de te comer.
Do porquê você já sabe:
eu preciso de comida.

Preciso de ar.
Preciso de café.
Preciso de sexo.
Preciso de carinho.

E você pode me dar tudo isso.
Só você que não sabe.
E eu não vou ensinar.
Por que só eu também não sei.

Mas podemos saber só nós dois
- do mesmo jeito quando você
fica de quatro no escuro,
esperando pela penetração.

É lindo e eterno
- ou ao menos lembro 'inda hoje:
suas nádegas  reluzem no escuro
como a lua. Como uma bunda.

Mentira: foi só vaginal.
Mas foi incrível.
Incrivelmente gostoso
e incompleto.

Por isso não tocamos as estrelas, vê?
A constelação não está lá em cima
para entender a humanidade
- ela é inteiramente irracional.

E é nisso que dá
querer tocar as estrelas:
perde-se seu brilho,
descobre-se o seu passado.

É assim quando eu te olho
- como se o firmamento tivesse um porquê
de estar sobre minha cabeça
enquanto eu quero te deflorar.

Mas é assim quando eu te toco
- como se todo teu brilho sumisse
e nunca tivesse existido antes em lugar algum
que não fosse dentro da minha cabeça.

Talvez seja isto mesmo. Seja assim.
Mas você não pode compreender.
Você não compreenderia.
Não posso ensinar uma estrela a brilhar.


Alessandra

Um comentário:

Anônimo disse...

Não costumo ser tão introspectivo em minhas postagens.
Portanto, batam uma punheta pensando em mim, cuspam no chão e me xinguem... não sei.
Ou fodam-se.

=D