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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Eu sempre entro por você
por estas suas brechas
com que me cega as vistas
já muito desgastadas por não enxergar cousa alguma.

Entro de novo no nosso passado
percorro todos os vestígios
que são quase nenhum
mas me dão as pistas que prescindo para lembrar você.

Há quase nada
há muito pouco
há uns segundos
e tudo se esvai de novo como se já não houvessem

os mesmos livros
as mesmas rimas
os mesmos desencontros
que, eles sim, são sempre os mesmos com quem me encontro.

Como se 'inda não houvesse
o término
o decrépito
e o insensível prontuário que dita as normas do que já não somos

já não fazemos
não seremos
nunca fomos
e para sempre hemos de ser.

As normas dessas coisinhas
do dia a dia e de tudo
que se sabe ter de ser
mas que eu não quero ter que escrever aqui também.


Eu sempre entro por você

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