Uma cabeça
Tem uma cabeça
em cima do telhado
veja só o desmantelo
o corpo não está colado
O corpo
lá não mais está
como é que foi parar
essa cabeça sozinha
em cima da minha cozinha?
Não veio
ninguém procurar
a cabeça que se perdeu;
será que estão todos loucos
ou o louco serei eu?
Não posso
Não vou nada avisar
Se eu digo que tem cabeça
e ela não se avistar
em cima do telhado
[a minha também vai parar
O jeito
é esperar na minha, ligado
pra que se passa alguém atento
e dá por falta do corpo mequetrefe
não seja assim tão solitário
[o meu decapitado tormento
Uma cabeça
terça-feira, 19 de julho de 2016
domingo, 10 de julho de 2016
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
a moça passa
o amor perpassa
por entre os cantos das paredes
por entre as praças
Que eu moro nu
eu moro mundo
por entre os prantos
por entre os cantos
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
eu choro um tanto
eu rio santo
Que deságua nas mesmas ladeiras
nos mesmos rios
nas mesmas madeiras
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
o amor invade
eu também ardo
Que a vida seca
num descompasso
o infinito
desse percalço
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
a moça passa
o amor perpassa
por entre os cantos das paredes
por entre as praças
Que eu moro nu
eu moro mundo
por entre os prantos
por entre os cantos
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
eu choro um tanto
eu rio santo
Que deságua nas mesmas ladeiras
nos mesmos rios
nas mesmas madeiras
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
o amor invade
eu também ardo
Que a vida seca
num descompasso
o infinito
desse percalço
Enquanto eu barro as ladeiras da minha casa
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Quem pintou estas paredes
agora está em uma gaveta
tingida de escuridão.
Onde a cor da lua não entra
e o chão 'inda mais esfria
a tinta que restou na mão.
Tanto barulho, tanto grito
que ecoou quando era vivo
agora cala na solidão.
Sem voz e, como sempre,
sem juízo -- só de rubra cor
cheio o galão.
Uma canção desconsolada
agora está em uma gaveta
tingida de escuridão.
Onde a cor da lua não entra
e o chão 'inda mais esfria
a tinta que restou na mão.
Tanto barulho, tanto grito
que ecoou quando era vivo
agora cala na solidão.
Sem voz e, como sempre,
sem juízo -- só de rubra cor
cheio o galão.
Uma canção desconsolada
sábado, 2 de abril de 2016
Se você quiser me ter
me tenha bem devagarinho
no escuro ou no silêncio
no seu seio com carinho
Mas me tenha bem depressa
que a noite agora atravessa
a espessa luz do dia.
Se não quiser esperar
pode vir, venha pra já
que a dor é o prazer de escutar
o cochicho lento das horas
demorando a nos passar
Me atire no chuveiro
com seus raios de cabelos
que atiçam meu paladar.
Venha com a carne mais molhada
de tantos rubros beijos encharcada
como o desejo que se arde em tanto tempo
desdobrado no covil de meus desalentos
Me apague da memória os maus tempos
e me queira mesmo como dantes nos queremos
e nos queira como sempre nós fizemos.
me tenha bem devagarinho
no escuro ou no silêncio
no seu seio com carinho
Mas me tenha bem depressa
que a noite agora atravessa
a espessa luz do dia.
Se não quiser esperar
pode vir, venha pra já
que a dor é o prazer de escutar
o cochicho lento das horas
demorando a nos passar
Me atire no chuveiro
com seus raios de cabelos
que atiçam meu paladar.
Venha com a carne mais molhada
de tantos rubros beijos encharcada
como o desejo que se arde em tanto tempo
desdobrado no covil de meus desalentos
Me apague da memória os maus tempos
e me queira mesmo como dantes nos queremos
e nos queira como sempre nós fizemos.
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