Páginas

terça-feira, 17 de abril de 2007

Quem sabe o que é?

Eu fico com a rudeza do sinal das catedrais.
É a vida, é cândida e é doída.

Viver é não ter vergonha de errar outra vez.
Cantar, desafinar e tombar.
Sem ter na mente o infortúnio do que um dia você fez.
Eu sei que eu não sei.


Que o erro que passou pode amanhã piorar.
Eu só quero que você não reflita.
É a vida, é cândida e é doída.


Mas e o amanhã?
Quando ele vier vai machucar ou não?
Vai ferir a ferro o seu coração?
Vai deixar uma mágoa sem perdão?


Mas e a morte?
Virá de uma vez só deixando lamento?
Ou será a plenitude de um céu barulhento?
Só ver para crer, meu irmão!


Há quem não sinta ferida ardente.
Que espairece um mundo.
Num gesto, num ato.
Que nem dura um segundo.
Há quem sinta e ainda minta.
Mistério profundo.
É o sonho do pensador.
Numa felicidade cheia de dor.
Palavras não dizem o que querem dizer.
Atitudes não revelam o que querem fazer.
O poema reflete o que não querem saber,
Por que viver não é tudo.
E o resto é sofrer.


Eu só vivo o que vejo e o que sou.
E no que sou não ponho a força da fé.
É a vida que faz o que somos.
Como der ou puder ou quiser.

Nenhum comentário: