Páginas

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Satiríase

Senhoras e senhores, adivirto-vos: peco como somente as línguas dos longíguos diabos fétidos e dementes pode vos afirmar.
Caso vos ofenda, não hei de pedir perdão: já não há escrúpulo algum, em mim.
Ergui-me na escuridão da insanidade humana, vasculhando a despretensiosa sensualidade inerente ao subjetivo. Enfatuei-me e provei de luxuriosa soberba.
Quando estive arqueando e a pandegar no Inferno, fui condecorado como o 'Lorde dos depravados'. No paraíso, fui o devorador de lindos anjos.
Minha voz sibila como um entorpecente que seduz almas puras. Rasgo-lhes o corpo, a mente e o coração. Ferve a paixão, febril. Inóspita.
Porém, escondo-me de mim mesmo e da minha face, ao amanhecer.
Afeito às sombras, desvencilho-me da luz.
Quando a Lua eleva-se e os lobos uivam em Ode ao Obscuro; meus olhos empertigam-se, minhas mãos tremem e meu corpo pede por vinho.
Peço também por tóxicos inebriantes.
Clamo pela decadência.

Eu sou um vampiro mórbido. Sugo a vida.
Sou o frenesi que extingüe a racionalidade dos corações.
A fúria que atinge os inocentes.
Sou o julgamento final: o tormento.
O vampiro que suga o júbilo.
Não temo a minha volúpia, atiço-a e entrego-me aos corpos.
Sexo, seduz-me, sempre fi-lo sedento e ardente, assim como o faço mais arduosamente ainda.
Devirtuo a pureza, enquanto a paixão se interpõe delgada.
Dedos que me tocam, boca que me sente, corpo que enrijece.
Não renego a minha tentação.
Sou elegante e decadente: sou indefinido.
Filho da terra, do céu e do espaço.
Em mim, transita o sangue do infinito.
Séduit par la mort.

Prazer, caros abnóxios:
Meu nome é Lunamant.

(T.)

2 comentários:

Clarissa Santos disse...

Esse vampiro quase suga meu sangue.

L. Laíra disse...

Se eu disser que te imaginei recitando,vc acredita?

Belíssimo, belíssimo!!!!!

Matei minha sede de poesia por esta noite.
É sempre bom ler seus poemas!
E uma honra também!

bjo