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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Obsceno

Chamais-me viciado, pois por todo o
Dia estudo a mim mesmo - e fumo!

Pois acordo-me e subo as escadas
Da forca; e lá abro um livro branco,
E vos leio palavras não-escritas.

Clamais-me viciado, porque em ter
Uma cigarrilha aos lábios, estudo
Poesias; traduzo poesias e não ensino a poesia.

Porque bebo do álcool vulcão que jorra,
Derreto à chama do tesão e volúpia,
E, de entre gotas, estudo, interpreto
E crio a ciência.

Chamais-me viciado, porque uivo;
E grito ao caos; viva noite!
E caminho e furto ao caos.

Viciado rogais-me vós,
E odiais-me as mãos femininas,
Ou a serenidade viril, não paz!

Vivo e crio e destruo e experimento.
Vagueio às sombras das épocas
E não vos temo, bocas aflitas;

Sou o próprio tóxico a desintegrar
A cura falsa da perfidez pública,
E esoterismo da repetição eterna,

Publico a morte em vida,
E toco-me em vida, em morte;
Odeio-me assim tanto e amo a mim,

E não creio o bom, nem o mau;
Nem litigo a inconsistência do ser.

Odiais-me vós já que meu vestido é negro,
E a minha dor e o meu amor, versos sujos;

Que decaem e me jorram unidos,
Do meu próprio ser que lhes é,
No sangue em delírio, também negro.

Cuspi-me, pois que sou puta moderna,
Que rende, prova e odeia o mundo,
E, indiferente, vos abre as pernas.


T.
Segunda-feira, 6 de outubro de 2008.

4 comentários:

Fernanda Magalhães disse...

...Cuspi-me, pois que sou puta moderna,
Que rende, prova e odeia o mundo,
E, indiferente, vos abre as pernas...

Belissima expressão...Forte e perfeito!


Não confundi nada, o selo é para o blog sim...

Bjos no coração :******

Anônimo disse...

Eu estava sentado no quintal de casa. Ficava a maior parte do tempo parado, sem fazer nada. Foi quando ela apareceu. Lili era uma das garotas mais bonitas que já tinha visto.
- Oi. Meu nome é Lili Jane. Qual é o seu?
- Henry.
- Você não vai jogar com os outros garotos?
- Não, já os vejo demais na escola.
- Quer ver minha calcinha?
- Claro.
E levantou o vestidinho, deixando à mostra uma calcinha - linda - cor-de-rosa. E isso acontecia costumeiramente... Cada dia uma calcinha com uma cor diferente. A cada dia as calcinhas eram mais bonitas.

Fernanda Magalhães disse...

Tem presente no Brisa feliz pa vcs!!!

Anônimo disse...

"Aos sábados eu tomo um porre com os amigos.
E crio soluções fenomenais.
Depois pergunto a Deus:
- O que foi, amigo? Se foi pra desfazer, por que é que fez?
Mas não tem nada, não.
Tenho meu violão."