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terça-feira, 12 de abril de 2011

Que lhe dirão os galantes ventos
ao rondar-lhe os lindos cabelos?
Serão mais sublimes seus intentos
que estes versos que eu cá ensejo?

Saberão os canários cantar-lhe as mil formosuras
ou de todo se perderá o som do matinal elogio?
Quiçá, ao avistar da minha dama tamanha ternura,
os pássaros se vexem e não soltem do bico um pio.

Temo que nem mesmo o deus sol digno seja
de ter-lhe, sobre a pele fina, seus raios.
Pois alguém quem até o próprio Zeus deseja
não se pode manter sob cuidado dos lacaios.

Vênus, de certo, irá jurar-lhe vingança
quando se der conta de tamanha singeleza:
vive junto aos humanos uma bela criança
capaz de destituir-lhe a hegemônica beleza.

Mas o teu nobre seio que a todos encanta
que, com mesmo feitiço, tem-me subjugado
há de fazer do Olimpo tua mais nova manta
e do humano mais inocente um vil condenado.


Ode ao Amor Platônico

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