Que lhe dirão os galantes ventos
ao rondar-lhe os lindos cabelos?
Serão mais sublimes seus intentos
que estes versos que eu cá ensejo?
Saberão os canários cantar-lhe as mil formosuras
ou de todo se perderá o som do matinal elogio?
Quiçá, ao avistar da minha dama tamanha ternura,
os pássaros se vexem e não soltem do bico um pio.
Temo que nem mesmo o deus sol digno seja
de ter-lhe, sobre a pele fina, seus raios.
Pois alguém quem até o próprio Zeus deseja
não se pode manter sob cuidado dos lacaios.
Vênus, de certo, irá jurar-lhe vingança
quando se der conta de tamanha singeleza:
vive junto aos humanos uma bela criança
capaz de destituir-lhe a hegemônica beleza.
Mas o teu nobre seio que a todos encanta
que, com mesmo feitiço, tem-me subjugado
há de fazer do Olimpo tua mais nova manta
e do humano mais inocente um vil condenado.
Ode ao Amor Platônico
Nenhum comentário:
Postar um comentário