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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O amor parada cardíaca
que todo mundo traz à veia
pode causar encefalia
de que a própria morte serpenteia.

Tenho pra mim por breve instante
de paixão que ocorreu inusitada.
A morte, coitada, jazia tranquila
quando, então, a vida a deixou sem fala.

Não é sentimento humano
sobre o qual está se falando:
a vida culmina em morte,
que vem do nada - como a vida.

Trouxe na mão um buquê
e dentro de si uma tocha
que não escondia o propósito
para o qual vivia, desgostosa.

Cansara-se de ter cansado em todo o tempo.
Não que aquilo a trouxesse sofrimento,
mas conhecia, então, um sentimento diferente
daqueles que a corações solitários causava.

Era a mais nova vítima de todos os deuses
- os quais também caiam sob seu próprio encanto.
Mas não via em face de mais bela Vênus,
a formosura que a vida oferecia - até em pranto.

Fácil explicar, ateu incrédulo, a impossibilidade:
A vicissitude da vida da morte
não era agora de outra sorte.

Penava, a moribunda, e gemia por um amor lesbiano
que em vão sofria as pelejas sentimentais
que fardam as costas dos temíveis humanos.

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