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sábado, 14 de novembro de 2009

Às três horas da manhã - a ouvir um jazz etíope, eu acendo meu cachimbo. Não quero um pouco de tempo, não quero um pouco de ninguém. Nenhuma voz irritante, nenhuma companhia à venda só nas quintas ou nas sextas. Nenhum amigo de hora marcada, nenhum psiquiatra de carreira feita. Nenhuma mulher sem cruéis seios, nem seios com uma boca hostil, ou mesmo carinhosa. A estas horas vê-se o que há de ser amor à noite, amor sem tempo. O detrito que mancha os céus e desce pela janela. Eu não tenho lembrança das horas vagas, nem resquícios dos beijos que já dei. Não me recordo de quando fui a Marte. Não sei que satélite me persegue aos dias. Apenas sei que as sextas me matam, os sábados me engolem; e os domingos nem parecem existir.

Um comentário:

Anônimo disse...

É importante saber de alguma coisa, eu acho. Ainda mais quando essas coisas são sentidas. Não pensadas ou faladas.
Ultimamente tudo tem me sido a mim muito estranho.
Até as sextas, os sábados, os domingos. Ah, não. Os domingos continuam tão inexistentes quanto sempre.